Quem é o deputado que destinou R$ 2,2 milhões da Câmara para condomínio de luxo

Atualizado em 26 de junho de 2025 às 18:32
Fábio Teruel, deputado federal. Foto: reprodução

O deputado federal Fábio Teruel (PSD-SP) é mais um político da direita que foi da igreja para a política e se envolve em escândalos com verbas públicas.

Eleito em 2022 com expressivos 235.165 votos em São Paulo, ele construiu sua imagem pública como pregador evangélico antes de ingressar na vida política. Com 5 milhões no Instagram e 8,6 milhões no YouTube, Teruel se tornou conhecido por vídeos de pregações motivacionais como “Adormeça com o Salmo 91”, que ultrapassou 27 milhões de visualizações.

Enquanto mantém um perfil discreto no Congresso, diferente de outros parlamentares da bancada evangélica, sua atuação política recente tem sido questionada após revelações sobre o destino de emendas parlamentares.

Nascido em Santa Bárbara d’Oeste, no interior paulista, e filho do ex-deputado e radialista Ataíde Teruel, o parlamentar construiu sua carreira nas ondas do rádio e da internet, onde misturava mensagens religiosas com conteúdo motivacional. Eleito com um patrimônio declarado de R$ 12 milhões, levou para Brasília um discurso pautado em valores conservadores, frequentemente marcado por citações bíblicas e frases como “O Brasil precisa de um resgate espiritual”.

Porém, reportagens recentes revelaram que o deputado destinou recursos públicos para melhorias em condomínios de alto padrão onde mantém residência. Em Itupeva, R$ 400 mil em emendas foram usados para pavimentação de ruas no condomínio fechado onde mora.

Já em Barueri, parte dos R$ 11 milhões enviados pelo parlamentar à prefeitura local, cerca de R$ 2,2 milhões, foi utilizada para recapeamento no Residencial Tamboré I, conhecido como “Beverly Hills paulista”

O local abriga mansões avaliadas em até R$ 50 milhões e tem como moradores celebridades como a influencer Deolane Bezerra, o ator Fiuk e a cantora sertaneja Simone Mendes, da ex-dupla com a irmã Simaria.

“Eu não vim para fazer política tradicional, eu vim para ser uma voz do povo que ora, que trabalha e que quer justiça”, declarou Teruel em uma de suas publicações nas redes sociais, onde se apresenta apenas como “criador digital”, sem menção ao mandato político. Sobre as críticas, afirmou: “Não houve qualquer benefício pessoal. O local é aberto à comunidade”.

As denúncias, no entanto, acenderam alertas em órgãos de controle. O Ministério Público Federal solicitou esclarecimentos sobre os critérios de destinação dos recursos, enquanto a Controladoria-Geral da União iniciou apuração preliminar.

Enquanto aliados evitam comentar publicamente o caso, opositores aproveitam para criticar o que chamam de “duplo padrão” na bancada evangélica. Teruel, por sua vez, mantém a agenda normal de trabalho e insiste em afirmar que continuará “trabalhando com fé, ética e transparência”.