
O advogado e professor Carlos Portugal Gouvêa, 43 anos, foi colocado em licença administrativa pela Universidade de Harvard após ser preso na quarta-feira (2) em Brookline, subúrbio de Boston, acusado de disparar uma arma de pressão nas proximidades de uma sinagoga na véspera de Yom Kippur. Segundo a polícia local, Gouvêa teria realizado dois disparos perto do Templo Beth Zion, afirmando que “caçava ratos”. Ele foi detido minutos depois e responderá por disparo ilegal, conduta desordeira, perturbação da ordem pública e dano à propriedade.
Figura respeitada no meio jurídico, Carlos Portugal Gouvêa é professor associado de Direito Comercial da USP e professor visitante em Harvard, com título honorário de William D. Zabel ’61 Visiting Professor. Livre-docente pela USP e doutor em Direito pela Harvard Law School (2008), Gouvêa é especialista em governança corporativa, ética empresarial e direitos humanos, áreas nas quais construiu uma carreira marcada por atuação acadêmica e prática.
Ele é sócio-fundador do PGLaw, escritório pioneiro em diagnóstico jurídico e social de empresas, e preside o Instituto de Direito Global (IDGlobal), voltado a pesquisas sobre sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Também integra o Fórum Nacional das Ações Coletivas do CNJ, é membro da Comissão Fulbright do Brasil e vice-presidente da Comissão de Mercado de Capitais e Governança Corporativa da OAB-SP.

Com passagens por Yale e Wharton, Gouvêa é reconhecido por unir teoria jurídica e compromisso social. Fundador do Instituto Sou da Paz e da Conectas Direitos Humanos, o professor construiu uma trajetória voltada à promoção da justiça e à redução das desigualdades, o que torna o episódio em Boston ainda mais inesperado para colegas e ex-alunos.
Em nota, o porta-voz da universidade, Jeff Neal, confirmou que o professor foi afastado enquanto a instituição apura o caso. Gouvêa se declarou inocente e foi liberado mediante reconhecimento pessoal, devendo retornar ao tribunal no início de novembro. A polícia reforçou que não há indícios de que a sinagoga tenha sido alvo intencional. O episódio, ocorrido durante um feriado sagrado judaico, causou apreensão e forte repercussão na comunidade acadêmica de Harvard.