
A Polícia Federal (PF) está investigando um motorista de aplicativo por suspeita de ameaçar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a visita do petista a Belém (PA).
Manoel dos Santos Ferreira Junior, de 31 anos, também é suspeito de exibir em sua motocicleta adesivos com símbolos nazistas, incluindo a inscrição “Luftwaffe” — nome da força aérea da Alemanha durante o regime de Adolf Hitler — e a Cruz de Ferro, condecoração militar concedida pelo Terceiro Reich.
Na última quarta-feira (12), a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Manoel. A Justiça Federal também determinou medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de se aproximar de locais onde Lula esteja presente.

Antes da visita de Lula a Belém, o motorista de aplicativo, usando o pseudônimo “Júnior Sanches”, publicou nas redes sociais mensagens em tom de ameaça contra o petista. “Dessa vez vou conseguir chegar perto. Lula vai se arrepender de ter nascido. Eu vou livrar o Brasil desse cara, vou preso mas vou feliz”, escreveu o apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma das postagens.
Segundo uma fonte próxima ao motorista de aplicativo, Manoel tem um histórico de publicações extremistas na internet e se alinha a ideais da extrema direita. “Ele sempre demonstrou um posicionamento político radical, diz que é apoiador do Bolsonaro e gostava de exibir esses adesivos na motocicleta. Havia outros com referências ao nazismo, mas ele os removeu”, disse.
O historiador Tunai Rehm, professor doutor pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA), alertou sobre o crescimento da apologia ao nazismo no Brasil.
“Esse símbolo é da Luftwaffe, a força aérea da Alemanha nazista. A Luftwaffe foi extinta em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial e a queda do regime nazista. Agora, por que esse sujeito está utilizando esse símbolo na moto? Esse é um questionamento relevante. A Polícia Federal tem investigado um aumento no número de crimes relacionados à apologia ao nazismo no Brasil”, afirmou.
“O motivo desse crescimento ainda não é totalmente claro, mas é possível que a internet tenha facilitado o compartilhamento e a disseminação de ideias extremistas, incluindo pensamentos antissemita e racista, que seguem presentes na sociedade”, acrescentou o historiador.