
O sargento da Polícia Militar Samir Carvalho, de 46 anos, que matou sua esposa Amanda Fernandes Carvalho com 51 facadas e três tiros dentro de uma clínica dermatológica em Santos, no litoral paulista, foi preso em flagrante no dia do assassinato, 7 de maio. O crime de feminicídio também deixou a filha do casal, de 10 anos, ferida com dois disparos enquanto ela tentou proteger a mãe.
Samir Carvalho, que ingressou na PM há 20 anos e está lotado no 6° Batalhão de Santos, foi preso em flagrante e encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, na capital. O casal tinha três filhos, sendo que a filha de 10 anos, que atua como modelo infantil, segue internada na Santa Casa de Santos.
Amanda Fernandes Carvalho era sócia de uma empresa de logística e comércio exterior e administrava a carreira de modelo da filha caçula. Suas redes sociais mostravam uma família aparentemente harmoniosa, com diversas fotos ao lado do marido. Além da menina ferida durante o crime, um jovem de 17 anos também é filho do casal.
Amigos relatam que Amanda vivia uma “prisão emocional” sob o controle de Samir. O militar monitorava ligações, proibia amizades e até impedia que a empresária praticasse vôlei. Qualquer ideia de denúncia era sufocada pela ameaça de morte. “Ela dizia que, se fosse à delegacia, ele mataria ela, a mãe e a avó”, contou o sócio Bruno Rollo, que por anos testemunhou o medo cotidiano da amiga.
“Ele vai me matar”, desabafou repetidas vezes Amanda na semana do crime, segundo o amigo. Na terça-feira, dois dias antes do assassinato, ela chegou a pedir para servir numa cerimônia da igreja apenas para ficar longe de casa e descreveu aquele momento raro como “leve, sorrindo, em paz”.

O crime
Segundo testemunhas e laudo do IML, o sargento, que estava de folga no dia e era respeitado na corporação, chegou à clínica na Avenida Senador Pinheiro Machado chamando pela esposa. Após uma discussão, Amanda se refugiou na sala do médico, pedindo ajuda e afirmando que o marido a havia ameaçado de morte. O profissional trancou mãe e filha em sua sala, protegendo a porta com cadeiras.
Quando policiais chegaram ao local e afirmaram que a situação estava controlada, o médico abriu a porta. Foi quando Samir invadiu a sala e efetuou cerca de dez disparos com sua pistola .40, atingindo a esposa e a filha. O laudo necroscópico revela que Amanda foi esfaqueada no rosto, tronco e coxa, além de baleada no peito, costas e braço. A causa mortis foi “anemia aguda por hemorragia interna traumática”.
O caso foi registrado como violência doméstica, feminicídio e tentativa de homicídio na Delegacia de Defesa da Mulher de Santos. A PM abriu inquérito para apurar a conduta dos quatro policiais que atenderam a ocorrência, investigando se poderiam ter evitado o desfecho trágico.
O advogado de Samir, Paulo Roberto Costa de Jesus, afirmou que o cliente não teria intenção de ferir a filha e que aguardará as investigações para se manifestar.