Quem é o policial e influencer bolsonarista preso após atirar em trabalhadores

Atualizado em 20 de outubro de 2025 às 18:49
Policial Civil que disparou contra trabalhadores em uma obra é detido. Foto: Reprodução

Na noite de sexta-feira (17), o policial bolsonarista Fernando Augusto Diniz, de 37 anos, foi preso após atirar contra trabalhadores de uma obra em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O ataque, que gerou um intenso registro policial, aconteceu quando o investigador da Polícia Civil chegou ao local, mandou os operários se deitarem no chão e disparou contra eles. Pelo menos três pessoas foram feridas no incidente.

Fernando Diniz, conhecido nas redes sociais como criador de conteúdo digital, é filho de um vizinho da obra onde o conflito ocorreu. Segundo a polícia, o motivo da confusão estaria ligado a desavenças anteriores entre o pai do policial e a empreiteira responsável pela construção.

A situação culminou em um ato violento, quando o policial, após mandar os trabalhadores se deitarem, começou a disparar com uma arma de grosso calibre.

A polícia encontrou um cartucho 556 no local dos tiros. O investigador, que tem 17 mil seguidores em suas redes sociais, se apresenta como criador de conteúdo e afirma ter graduação em Direito e especialização em Segurança Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Além disso, Diniz se descreve como membro da Patrulha Unificada Metropolitana de Apoio (PUMA), uma unidade especial da Polícia Civil de MG. Seu perfil inclui publicações de versículos bíblicos e links comerciais, revelando uma faceta multifacetada em sua vida pessoal e profissional.

A ação resultou em ferimentos nas vítimas, que foram atingidas no joelho, tornozelo e de raspão na barriga. Os trabalhadores, com idades de 32, 34 e 57 anos, foram socorridos e, de acordo com as informações disponíveis, não correm risco de vida.

Um vídeo que circula nas redes sociais flagrou o momento em que o policial caminhava com a arma na mão após os disparos, deixando claro a gravidade da situação. De acordo com o depoimento de um dos feridos, o policial chegou ao local mandando todos se deitarem no chão.

Alguns trabalhadores conseguiram fugir, mas o agente de segurança disparou contra os que não conseguiram escapar. O caso gerou grande repercussão, não só pela violência, mas pela ligação do policial com um conflito familiar, relacionado a alegações de atos ilícitos cometidos pela empreiteira responsável pela obra.

A defesa de Fernando Diniz, no entanto, apresentou uma versão diferente do ocorrido. Segundo os advogados, apenas um trabalhador teria sido ferido diretamente pelos disparos, e os outros, por estilhaços de uma lata.

A defesa também argumentou que o policial tem bons antecedentes, domicílio fixo e um histórico de trabalho lícito. Além disso, foi ressaltado que Diniz sofre de glioma bem diferenciado, um tipo de tumor cerebral, o que exigiria cuidados médicos especializados.

Após ser preso em flagrante, o policial foi conduzido à Casa de Custódia da Polícia Civil, mas, durante a audiência de custódia realizada no domingo (19), a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica.

O juiz responsável pela decisão, Marco Paulo Calazans Guimarães, afirmou que a medida era adequada devido à condição de saúde do investigado, que necessita de exames e tratamentos médicos. Apesar da decisão judicial que concedeu a prisão domiciliar, a investigação sobre a motivação do crime segue em andamento.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.