Quem é o promotor de Justiça alvo de plano de execução do PCC em SP

Atualizado em 24 de outubro de 2025 às 8:19
Lincoln Gakiya, promotor de Justiça do Gaeco. Foto: Leonardo Bosisio/g1

Alvo de um novo plano de assassinato, desarticulado em ação da Polícia Civil nesta sexta-feira (24), o promotor de Justiça Lincoln Gakiya vive há mais de uma década sob escolta policial permanente por causa das ameaças de morte que recebe do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele é perseguido pela facção criminosa ao menos desde 2005, quando iniciou uma série de investigações que resultaram na transferência de chefes do grupo para presídios de segurança máxima.

Gakiya integra o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco) em Presidente Prudente, no interior paulista. Ele assumiu a Promotoria de Justiça da Comarca da cidade em 1996, e dez anos depois passou a lidar diretamente com a cúpula do PCC, transferida para a região. Desde então, vive sob forte esquema de proteção, com vigilância 24 horas por dia.

Nesta sexta-feira, o Ministério Público e a Polícia Civil deflagraram a “Operação Recon” para desarticular uma célula da facção que planejava atentados contra o próprio Gakiya e contra Roberto Medina, coordenador de presídios do Oeste paulista. Medina é responsável por unidades que abrigam líderes do PCC, incluindo a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

A ofensiva cumpre 25 mandados de busca e apreensão em sete cidades: Presidente Prudente, Álvares Machado, Martinópolis, Pirapozinho, Presidente Venceslau, Presidente Bernardes e Santo Anastácio.

Em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, da Rede Globo, exibido em julho, o promotor comparou sua rotina de isolamento à dos criminosos que ajudou a encarcerar. “De certa maneira, eu teria mandado esses criminosos para o isolamento, e eu também fui isolado junto com eles”, disse ao jornalista Pedro Bial.

Gakiya revelou que recebeu o primeiro decreto de morte enquanto estava de licença-paternidade após o nascimento do segundo filho.

Policiais do Gaeco. Foto: reprodução

O episódio mais grave de confronto entre o promotor e a facção ocorreu em fevereiro de 2019, quando ele assinou o pedido de transferência de 22 chefes do PCC, incluindo Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, para presídios federais de segurança máxima.

A operação foi autorizada pelo então ministro da Justiça Sérgio Moro após o Ministério Público descobrir um plano da facção para resgatar seus líderes da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

Meses depois, uma revista em celas do mesmo presídio revelou cartas com ordens de ataques contra autoridades, em retaliação às transferências. Entre os alvos estava novamente o promotor.

A investigação mais recente começou em julho, quando a Polícia Militar prendeu em flagrante o traficante Vitor Hugo da Silva, conhecido como VH.

A análise do celular apreendido com ele revelou um detalhado levantamento sobre a rotina de Roberto Medina, com fotos, vídeos e descrições de seus deslocamentos diários. Em áudios interceptados, criminosos expressavam preocupação com câmeras que poderiam registrar suas ações perto da residência do coordenador de presídios.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.