Quem é quem no escândalo de corrupção que envolve Javier Milei e sua irmã Karina

Atualizado em 24 de agosto de 2025 às 12:08
Javier Milei e Karina Milei – Foto: Reprodução

Um áudio vazado para a imprensa expôs uma suposta rede de subornos ligada à compra de medicamentos na Agência Nacional de Deficiência (Andis). A gravação, de origem desconhecida, cita autoridades do governo e empresários que teriam atuado como intermediários entre laboratórios farmacêuticos e o Estado argentino. A seguir, os nomes mencionados pelo ex-diretor da Andis no material divulgado:

Diego Spagnuolo

Advogado e aliado próximo de Milei desde 2021, Spagnuolo comandava a Andis até a última quinta-feira. A agência é responsável por pensões por deficiência e programas sociais. Nos áudios, ele descreve um esquema de cobrança de propina: laboratórios que quisessem vender medicamentos ao Estado deveriam pagar 8% do valor faturado, montante que chegaria a 500 mil a 800 mil dólares por mês. Após o vazamento, ele foi exonerado, e a polícia apreendeu dois celulares e uma máquina de contar dinheiro em sua posse.

Diego Spagnuolo e Javier Milei – Foto: Reprodução

Javier Milei

O presidente argentino foi denunciado à Justiça. Spagnuolo afirma que Milei não participava diretamente, mas sabia que pessoas do seu círculo estavam envolvidas e não impediu a prática. Em um trecho dos áudios, ele diz: “Falei: Javier, você sabe que estão roubando, que sua irmã está roubando”. Desde que o caso veio à tona, Milei não se pronunciou. Sua porta-voz anunciou apenas a saída de Spagnuolo, a intervenção na Andis e a abertura de uma auditoria.

Karina Milei

Secretária da Presidência e irmã do presidente, é apontada como uma das maiores beneficiadas do esquema. Segundo Spagnuolo, ela ficava com 3% a 4% do valor arrecadado. Ele afirma ainda ter mensagens que a incriminam e que as guardaria caso tentassem responsabilizá-lo. Karina é figura central no governo: define quem tem acesso a Milei e o acompanha quase sempre em agendas e viagens — motivo pelo qual chamou atenção sua ausência no Council of the Americas, realizado na quinta-feira.

Eduardo “Lule” Menem

Braço direito de Karina Milei, é um dos principais articuladores políticos do governo. Filho do ex-senador Eduardo Menem, tem ampla rede de contatos. Spagnuolo o acusa de ser um dos chefes da suposta rede e diz que isso era de conhecimento público, citando uma entrevista do jornalista Alejandro Fantino, que comentou que estava cercado por “ladrões com voracidade genética”.

Eduardo “Lule” Menem – Foto: Reprodução

Martín Menem

Primo de Lule e sobrinho do ex-presidente Carlos Menem, é deputado e atual presidente da Câmara. Segundo Spagnuolo, teria indicado um homem para atuar como elo entre a Presidência e a empresa fornecedora de medicamentos, a Suizo Argentina.

Javier Milei e Martín Menem – Foto: Reprodução

Emmanuel Kovalivker

Um dos donos da Suizo Argentina, empresa que intermedeia contratos entre laboratórios e o Estado. Foi encontrado pela polícia tentando sair de um condomínio fechado com 266 mil dólares em espécie no carro.

Emmanuel Kovalivker – Foto: Reprodução

Jonathan Kovalivker

Também sócio da Suizo Argentina, está foragido. Durante busca em sua casa, a polícia encontrou caixas de segurança abertas, elásticos usados para maços de dinheiro e 50 mil dólares. A empresa já havia sido denunciada em 2024 por irregularidades em contratos sem licitação, mas o processo foi arquivado.

Daniel María Garbellini

Ex-diretor de Acesso a Serviços de Saúde da Andis, era o elo entre a agência e a empresa distribuidora de medicamentos. Foi demitido junto com Spagnuolo. Entrou no setor público em 2007, na gestão de Mauricio Macri em Buenos Aires, e ocupou vários cargos desde então. Spagnuolo o chama de “delinquente” nos áudios e afirma que ele controlava toda a “caixa” do esquema.

Daniel María Garbellini – Foto: Reprodução