
Um áudio vazado para a imprensa expôs uma suposta rede de subornos ligada à compra de medicamentos na Agência Nacional de Deficiência (Andis). A gravação, de origem desconhecida, cita autoridades do governo e empresários que teriam atuado como intermediários entre laboratórios farmacêuticos e o Estado argentino. A seguir, os nomes mencionados pelo ex-diretor da Andis no material divulgado:
Diego Spagnuolo
Advogado e aliado próximo de Milei desde 2021, Spagnuolo comandava a Andis até a última quinta-feira. A agência é responsável por pensões por deficiência e programas sociais. Nos áudios, ele descreve um esquema de cobrança de propina: laboratórios que quisessem vender medicamentos ao Estado deveriam pagar 8% do valor faturado, montante que chegaria a 500 mil a 800 mil dólares por mês. Após o vazamento, ele foi exonerado, e a polícia apreendeu dois celulares e uma máquina de contar dinheiro em sua posse.

Javier Milei
O presidente argentino foi denunciado à Justiça. Spagnuolo afirma que Milei não participava diretamente, mas sabia que pessoas do seu círculo estavam envolvidas e não impediu a prática. Em um trecho dos áudios, ele diz: “Falei: Javier, você sabe que estão roubando, que sua irmã está roubando”. Desde que o caso veio à tona, Milei não se pronunciou. Sua porta-voz anunciou apenas a saída de Spagnuolo, a intervenção na Andis e a abertura de uma auditoria.
Karina Milei
Secretária da Presidência e irmã do presidente, é apontada como uma das maiores beneficiadas do esquema. Segundo Spagnuolo, ela ficava com 3% a 4% do valor arrecadado. Ele afirma ainda ter mensagens que a incriminam e que as guardaria caso tentassem responsabilizá-lo. Karina é figura central no governo: define quem tem acesso a Milei e o acompanha quase sempre em agendas e viagens — motivo pelo qual chamou atenção sua ausência no Council of the Americas, realizado na quinta-feira.
Eduardo “Lule” Menem
Braço direito de Karina Milei, é um dos principais articuladores políticos do governo. Filho do ex-senador Eduardo Menem, tem ampla rede de contatos. Spagnuolo o acusa de ser um dos chefes da suposta rede e diz que isso era de conhecimento público, citando uma entrevista do jornalista Alejandro Fantino, que comentou que estava cercado por “ladrões com voracidade genética”.

Martín Menem
Primo de Lule e sobrinho do ex-presidente Carlos Menem, é deputado e atual presidente da Câmara. Segundo Spagnuolo, teria indicado um homem para atuar como elo entre a Presidência e a empresa fornecedora de medicamentos, a Suizo Argentina.

Emmanuel Kovalivker
Um dos donos da Suizo Argentina, empresa que intermedeia contratos entre laboratórios e o Estado. Foi encontrado pela polícia tentando sair de um condomínio fechado com 266 mil dólares em espécie no carro.

Jonathan Kovalivker
Também sócio da Suizo Argentina, está foragido. Durante busca em sua casa, a polícia encontrou caixas de segurança abertas, elásticos usados para maços de dinheiro e 50 mil dólares. A empresa já havia sido denunciada em 2024 por irregularidades em contratos sem licitação, mas o processo foi arquivado.
Daniel María Garbellini
Ex-diretor de Acesso a Serviços de Saúde da Andis, era o elo entre a agência e a empresa distribuidora de medicamentos. Foi demitido junto com Spagnuolo. Entrou no setor público em 2007, na gestão de Mauricio Macri em Buenos Aires, e ocupou vários cargos desde então. Spagnuolo o chama de “delinquente” nos áudios e afirma que ele controlava toda a “caixa” do esquema.
