Quem é Weverton Rocha, aliado de Alcolumbre alvo de ação da PF contra fraude no INSS

Atualizado em 18 de dezembro de 2025 às 9:13
Weverton Rocha e Davi Alcolumbre. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Alvo de uma operação da Polícia Federal, o senador Weverton Rocha (PDT-MA) construiu, ao longo da última década, um perfil de influência discreta e trânsito amplo no Congresso Nacional. Vice-líder do governo no Senado e aliado direto do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), o parlamentar ocupa hoje posições estratégicas em temas sensíveis da agenda institucional, mesmo sem figurar formalmente como investigado nas apurações em curso.

Eleito senador em 2018, Weverton está no fim de seu primeiro mandato na Casa. Antes disso, foi deputado federal por oito anos, período em que chegou à liderança do PDT na Câmara e ampliou sua articulação entre diferentes campos políticos.

No Senado, tornou-se um nome de confiança para missões delicadas: foi escolhido para relatar a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), além de conduzir a relatoria da nova Lei de Crimes de Responsabilidade, que atualiza as regras do impeachment e estabelece critérios para denúncias contra ministros do STF e outras autoridades.

Essa relatoria ganhou peso político após a reação do Congresso a uma decisão liminar do ministro Gilmar Mendes que restringia pedidos de afastamento de integrantes da Corte.

O impasse acabou resolvido em um acordo político envolvendo Alcolumbre e o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), reforçando o papel de Weverton como operador de consensos.

O nome do senador surgiu nas investigações sobre as fraudes no INSS por conta de encontros com o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado pela PF como peça-chave no esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões.

Weverton admitiu ter se reunido ao menos duas vezes com o empresário, inclusive em sua residência oficial, em Brasília, durante um “costelão” (churrasco de costela).

Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

“Conheci Antônio Carlos Camilo Antunes em um costelão na minha casa, para a qual ele foi levado por um convidado. Na ocasião, ele se apresentou como empresário do setor farmacêutico”, disse o senador em nota enviada ao Globo. Segundo sua assessoria, Antunes também esteve no gabinete do parlamentar no Senado ao menos três vezes, “para tratar da pauta legislativa de legalização da importação de produtos à base de cannabis para fins medicinais”.

Além do Careca do INSS, Weverton manteve contato com André Fidélis, ex-diretor de Benefícios do instituto, outro personagem central das investigações. O senador confirmou ter apoiado sua indicação à cúpula do órgão. “Fiz o apoiamento do André Fidélis por ser um funcionário de carreira, que chegou a mim com um ótimo currículo dentro da Previdência”, afirmou. Fidélis acabou afastado do cargo após o avanço das apurações.

Apesar do desgaste provocado pelas conexões reveladas, Weverton segue preservado politicamente. Sua proximidade com o Planalto o levou a integrar a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem à China no início do ano.

No passado, durante o governo Dilma Rousseff, atuou como assessor do então ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que deixou a pasta sob suspeitas de desvios — acusações que Weverton sempre negou ter relação.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.