O corpo decapitado de Yago Ravel Rodrigues, de 19 anos, foi encontrado nesta quarta (29) em uma área de mata próxima ao Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Apontado pela polícia como integrante do Comando Vermelho (CV), o jovem teve a cabeça amarrada ao tronco de uma árvore, enquanto o corpo, vestido com roupa camuflada, foi deixado nas proximidades.
Yago era conhecido nas redes sociais, onde acumulava mais de 2,2 mil seguidores. Em suas postagens, ostentava motos de luxo, (como BMWs), armas de grosso calibre e cigarros de maconha. Segundo policiais, ele atuava na linha de frente do tráfico de drogas na região e integrava um grupo responsável pela defesa armada das comunidades controladas pela facção.
Imagens que circulam nas redes mostram dezenas de corpos enfileirados em uma área de mata, resultado dos intensos confrontos entre traficantes e forças de segurança. A Secretaria de Segurança Pública informou que 117 suspeitos foram mortos e 83 presos durante a Operação Contenção, deflagrada de forma conjunta pelas polícias do Rio e do Pará.
As fotos obtidas pela polícia mostram criminosos usando fardas táticas e camufladas semelhantes às de forças especiais. Alguns dos mortos ainda portavam fuzis, evidenciando o grau de militarização das facções. Em um dos vídeos gravados após os confrontos, moradores retiram a cabeça de Yago do chão e a colocam dentro de uma sacola plástica, enquanto uma testemunha comenta, em choque: “Estragaram os amigos”.
A Operação Contenção teve como alvo principal líderes do Comando Vermelho que atuavam tanto no Rio quanto no Pará. Durante a ação, foram presos Rodrigo de Jesus Coelho, conhecido como “RD”, e Joelison de Jesus Barbosa, o “Fuzue”, apontados como chefes da facção na região Norte. Eles são investigados por tráfico de drogas e homicídios ligados ao controle da rota amazônica.
Após os confrontos, o clima de tensão se espalhou pela capital fluminense. Traficantes realizaram represálias em diferentes pontos da cidade, com barricadas erguidas em vias importantes, como a Linha Amarela, a Grajaú-Jacarepaguá e a Rua Dias da Cruz, no Méier.
A Polícia Militar suspendeu atividades administrativas e deslocou todo o efetivo para as ruas, temendo novas ações coordenadas.