
As forças de segurança do Paraná localizaram, na última quarta-feira (18), os corpos dos quatro homens que desapareceram em 5 de agosto na área rural de Icaraíma, no interior do estado. O grupo havia viajado de São José do Rio Preto (SP) até o município paranaense para cobrar uma dívida de R$ 255 mil e acabou emboscado, segundo a polícia.
O delegado Gabriel Menezes explicou ao Uol que, no dia 4 de agosto, os três paulistas se encontraram com Alencar em Icaraíma. No primeiro contato com o comprador do imóvel em dívida, ficou acertado um retorno no dia seguinte. “Eles fazem um primeiro contato com o devedor e, nessa primeira conversa, fica combinado de dar um retorno para o dia seguinte, no dia 5 de agosto”, disse o delegado. A partir daí, não houve mais contato.
No curso das buscas, os agentes encontraram o Fiat Toro usado pelo grupo em uma área de mata. O veículo estava escondido em um bunker, com marcas de tiros e vestígios de sangue. Uma carta anônima ajudou a polícia a localizar o automóvel. Veja quem eram as vítimas:
Robishley Hirnani de Oliveira

Robishley, de 53 anos, era vendedor e também atuava em cobranças de dívidas. Ele era casado havia dez anos com Denise Cristina Pereira e pai de dois filhos. A esposa foi quem procurou a polícia em São Paulo para registrar o desaparecimento, depois que perdeu contato com o marido.
O último diálogo do casal foi pelo WhatsApp. Robishley perguntou como estava a filha de sete anos, que sofria com dor de garganta, e confidenciou que estava com dores e receoso sobre a viagem. “Não vai virar nada aqui”, escreveu à esposa. Denise contou que sempre temia as viagens de Robishley, já que ele também vendia carros, casas e sítios para complementar a renda.
Rafael Juliano Marascalchi

Rafael, de 43 anos, era casado e pai de família. Morador de São José do Rio Preto, era conhecido por compartilhar momentos com a esposa e os filhos em viagens e encontros na igreja. Sua mulher, Meire Souza, desabafou em rede social: “Você me ensinou ser uma mulher forte. E eu serei forte por você e pela nossa família. Eu te amo muito. Estou com muita saudade”.
Um dos últimos registros de Rafael foi uma homenagem à esposa no Dia das Mães. Ele também apareceu em fotos ao lado dos amigos, a caminho de Icaraíma, antes do desaparecimento. Desde então, Meire relatou dificuldade para dormir e dependência de remédios. “Está sendo uma tortura muito grande isso que a gente está vivendo”, afirmou.
Diego Henrique Afonso

Diego, de 39 anos, vivia em Olímpia (SP) com a esposa, Fabricia Pellini, com quem era casado havia 13 anos. O casal não tinha filhos. Fabricia descreveu o marido como “um menino muito batalhador, que corre atrás das coisas dele”. O último contato aconteceu na manhã do dia 5 de agosto, quando ele disse que faria de tudo para que a negociação no Paraná tivesse um bom desfecho.
Poucas horas depois, Fabricia não conseguiu mais falar com o marido. A mensagem enviada não foi entregue, e o silêncio aumentou a angústia da família. Ela contou que Diego já havia alertado, no dia anterior, que um dos homens envolvidos na negociação andava sempre armado.
Alencar Gonçalves de Souza

Alencar, de 36 anos, era o contratante da viagem e acompanhou os três amigos paulistas na cobrança da dívida. Produtor rural, ele vivia em Icaraíma com a esposa e o pai, de 67 anos. Segundo familiares, Alencar era um homem pacato e o mais novo de três irmãos. A família relatou não saber que ele havia se envolvido com a cobrança.
Foram os parentes de Alencar que denunciaram o desaparecimento à polícia, após ele deixar de responder mensagens no dia 5 de agosto. Eles registraram boletim de ocorrência na Polícia Militar, dando início às buscas que resultariam na localização do veículo Fiat Toro usado pelo grupo, encontrado com marcas de tiros e sangue em um bunker na mata.
Suspeitos e investigação
A Polícia Civil do Paraná aponta pai e filho como principais suspeitos: Antônio Buscariollo, 66 anos, e Paulo Ricardo Buscariollo, 22. Eles chegaram a prestar depoimento, mas negaram envolvimento e fugiram da cidade logo depois. “Constatamos que a família inteira havia fugido”, relatou o delegado Gabriel Menezes. Ambos estão com prisão preventiva decretada desde 8 de agosto e continuam foragidos.
As famílias anunciaram recompensa de R$ 50 mil por informações que levem à prisão dos suspeitos. A polícia também apreendeu um Fiat Strada branco com placas adulteradas, que pode ter ligação com os envolvidos. O delegado destacou que o sigilo nas investigações é necessário para não comprometer o andamento do caso.
