Quem está fazendo sua família sofrer é você mesmo: carta aberta a Eduardo Cunha

Atualizado em 19 de julho de 2016 às 12:19
As lágrimas de um patife
As lágrimas de um patife

Esta é mais da série das cartas aos golpistas. Futuramente elas poderão ser reunidas num livro intitulado exatamente assim: Cartas aos Golpistas.

Caro Eduardo Cunha:

O senhor é um patife.

Suas lágrimas na renúncia não foram lágrimas. Foram uma infâmia.

O senhor deve achar a todos nós imbecis para pensar que possamos acreditar em suas palavras imundas.

Quero tratar de um tema específico aqui: seu choro ao falar de sua família. Sua mulher e sua filha são vítimas das perseguições ao senhor por ter desencadeado o impeachment, foi sua afirmação lacrimosa.

Que transferência canalha de responsabilidade.

Sua família é vítima do senhor mesmo e de mais ninguém. Ou o senhor pensou que poderia cometer crimes eternamente sem nenhuma consequência?

A família de um criminoso é sempre vítima de seus crimes. A vergonha, a humilhação que seus familiares têm que suportar por sua causa são um suplício eterno.

Imagine um neto ou neta do senhor daqui a alguns anos. Na escola, a criança sofrerá o estigma avassalador de um avô ladrão. Nas aulas de história contemporânea o nome do avô aparecerá como o de um câncer nacional, como o maior exemplo de corrupção na política brasileira, como um gangster disfarçado de parlamentar, como o destruidor da democracia e de 54 milhões de votos.

Cada vez que a criança mexer na carteira vão dizer que ali está dinheiro nosso, do público, surrupiado pelo avô.

Preso em sua portentosa ganância, o senhor jamais pensou nisso. Em quanto sua família seria afetada pelas suas velhacarias.

E o senhor tem a ousadia de dizer que sua família é vítima dos outros?

O senhor não é apenas um câncer nacional. É, também, um câncer familiar, uma metástase que dizima moralmente toda uma família — a sua.

Montaigne escreveu que a maldade traz, em si, as sementes do próprio castigo. É uma frase que serve para o senhor. O senhor é um homem mau, e está pagando por isso — junto com sua família.

A diferença entre o sábio e o tolo é a seguinte, segundo Epicteto.

Um diz: “Estou com problemas por causa do meu irmão, do meu filho, do meu pai”.

Mas o outro, se alguma vez disser que está com problemas, vai refletir e afirmar: “Por causa de mim mesmo.”

Além de corrupto serial, o senhor é um tremendo dum tolo.

Sinceramente.

Paulo