Quem foi Zagallo, o único tetracampeão mundial de futebol

Atualizado em 6 de janeiro de 2024 às 7:43
Zagallo. Foto: reprodução

A lenda Mário Jorge Lobo Zagallo, o único tetracampeão mundial de futebol, morreu no Rio de Janeiro, aos 92 anos, na última sexta-feira (5). Sua trajetória excepcional como jogador e treinador é marcada por uma série de conquistas memoráveis.

Nascido em Maceió em 9 de agosto de 1931, Zagallo, conhecido como “Velho Lobo”, teve suas raízes no Rio de Janeiro, para onde se mudou ainda na infância, aos oito meses de idade, acompanhando sua família. Criado no bairro da Tijuca, iniciou sua carreira no futebol no América e depois brilhou no Flamengo.

Ele ficou no rubro-negro até 1958, assinou com o Botafogo e ganhou uma série de outros títulos, encerrando sua trajetória vencedora como atleta entre 1965 e 1966.

Como parte da Seleção Brasileira, Zagallo estreou em 1958, contribuindo para uma vitória marcante por 5 a 1 sobre o Paraguai. Sua jornada como ponta esquerda incluiu 36 jogos, registrando 29 vitórias, 4 empates e apenas 3 derrotas. Encerrou sua carreira pela seleção em 1964, com uma vitória de 4 a 1 sobre Portugal.

Após conquistar o bicampeonato mundial em 1958 e 1962, Zagallo direcionou sua carreira para o treinamento. Ao liderar a Seleção por 131 jogos, obteve 97 vitórias, 25 empates e 9 derrotas, sendo consagrado campeão do mundo em 1970, no México. Além disso, em 1974, na Alemanha, alcançou a quarta posição na Copa do Mundo.

Além de comandar a seleção e os quatro times do Rio, Zagallo se aventurou no Kuwait, na Arábia Saudita e nos Emirados Arábes entre o fim dos anos 70 e início dos anos 90.

Ao longo de sua trajetória, Zagallo também atuou como coordenador da Seleção em 96 partidas, entre 1991 e 1994, e de 2003 a 2006, somando 53 vitórias, 32 empates e 11 derrotas. Em 1994, ao lado de Parreira, conquistou seu tetracampeonato com a equipe nacional nos Estados Unidos.

O ápice de sua carreira foi a formação da lendária Seleção de 1970. Zagallo se orgulhava enormemente desse período, lembrando a mudança de táticas implementada por Vicente Feola em 1958, e sua influência na transição para o 4-3-3. Esse time foi considerado um dos melhores da história do futebol.

Pelé abraça Zagallo no Rio de Janeiro, em 1970 — Foto: Associated Press
Pelé abraça Zagallo no Rio de Janeiro, em 1970 — Foto: Associated Press

Superstição com o Número 13

Zagallo, uma figura singular, sempre foi reconhecido por sua autenticidade e suas superstições, especialmente em relação ao número 13, que adotou como seu símbolo de sorte desde seus dias como jogador.

O número 13 tornou-se um marco em vários momentos da vida de Zagallo. Ele brincou com o fato de que o nome “Roberto Baggio”, o jogador italiano que perdeu um chute crucial e garantiu a vitória brasileira no tetra, possui exatamente 13 letras. Da mesma forma, expressões como “Brasil campeão” e “Argentina vice”, também com 13 letras, foram mencionadas por ele nos anos 2000 de forma humorística.

Além disso, as frases marcantes do multicampeão ganharam destaque em todo o mundo. Entre elas, a mais famosa é, sem dúvida, o icônico “Vocês vão ter que me engolir”. As palavras foram proferidas em alto e bom som após a conquista da Copa América de 1997 pelo Brasil.

Vale destacar que o momento de euforia na verdade representou um desabafo diante de toda a pressão que Zagallo vinha enfrentando em seu papel como treinador.

No entanto, em 2006, Zagallo enfrentou dificuldades devido a problemas de saúde e depressão ao retornar como coordenador técnico da Seleção na Copa do Mundo. Com o Brasil sendo derrotado pela França, o alagoano se despediu discretamente do campo de jogo.

Zagallo deixa quatro filhos, além de netos, bisnetos. A estátua do Velho Lobo, entretanto, será eterna. Ele ganhou, nos últimos anos, homenagens tanto do Botafogo quanto da CBF e já faz parte da galeria dos imortais do futebol.

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