Quem pagou o pato de Paulo Skaf foi a Odebrecht. Por Mauro Donato

Atualizado em 3 de novembro de 2016 às 8:39

skaf

 

E então a campanha daquele engravatado senhor, deus do templo piramidal da avenida Paulista, foi paga com caixa 2. Surpreso, meu caro? Só se o leitor for alguém que toma sorvete com a testa, não é mesmo?

O marqueteiro Duda Mendonça tomou conhecimento de que seu nome está entre os citados na delação que a Odebrecht vem tratando na Operação Lava Jato. Decidiu então procurar a PGR (Procuradoria-Geral da República) para negociar a sua delação.

Como responsável pela campanha de Paulo Skaf (PMDB) para governador de São Paulo em 2014, a empresa de Duda Mendonça (Votemim Escritório de Consultoria Ltda), teria recebido R$ 4,1 milhões ‘por dentro’. A campanha custou bem mais que isso e o restante, o ‘por fora’, foi pago pela Odebrecht via caixa 2. Que coisa, não?

Duda Mendonça foi o marketeiro de Lula em 2002. Envolto no imbróglio do mensalão, esteve em risco de ficar preso. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, concluiu que ele não teria como saber a origem dos recursos com os quais seu trabalho na campanha de marketing foi quitada e ele acabou absolvido das acusações de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Não havia o espetáculo das delações à época e tudo o que Duda disse foi que parte de seus pagamentos era efetuada através de Marcos Valério.

Por que Duda Mendonça faria de novo, agora para o deus-pato? Porque é o modus operandi histórico na política brasileira. Algo que sempre existiu, com participação de todos, e que os golpistas fizeram o possível para colar apenas na imagem do PT. Ou era assim ou não se fazia campanha para partidos. Alguém ainda não entendeu isso?

O mais doloroso nos dias atuais é constatar que todas as previsões, todos os alertas feitos a respeito das reais intenções do que estava em curso travestido de combate à corrupção para extirpar Dilma Rousseff e o PT se confirmam candidamente.

Todo aquele carnaval era na verdade para brecar a Lava Jato? Claro. Está funcionando? Sem dúvida. Toda aquela indignação em verde e amarelo tinha como finalidade impor mais sacrifícios ao povo enquanto o poder e a elite permanecerão gozando de privilégios? Sim, sim, isso mesmo.

Veja com que idade se aposentaram e quais os vencimentos de Michel Temer, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha, toda aquela turma que deseja que o povo agora se esfalfe e trabalhe por mais tempo. Somando aposentaria e salários de seus cargos, ganham muito acima do teto do funcionalismo público. Mas teto para despesas voltadas ao amparo social serão respeitadas, certo?

Todo esse movimento queria mesmo é aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita de todas as ilicitudes cometidas até então e tocar a vida em paz? Obvio. Está dando certo? Estão a caminho. “Ah, mas veja, o Skaf está exposto agora.” É ruim, hein? Em breve desaparecerá das notícias. Com essa turma não pega nada. Aécio Neves vem à baila e some. José Serra esteve nas manchetes por um dia e depois desaparece. Geraldo Alckmin deita e rola e, impeachment que é bom, nem pensar.

Paulo Skaf apregoava que você não deveria pagar o pato, era preciso mudança, e bla bla bla. Está aí o resultado. Tomou?