Quem são os religiosos que vivem em colônias na Amazônia como no Século XVI

Atualizado em 25 de agosto de 2024 às 11:09

A crescente presença de imigrantes menonitas na floresta amazônica do Peru tem gerado preocupações ambientais significativas. Desde a chegada dos primeiros grupos em 2017, estima-se que esses assentamentos tenham desmatado cerca de sete mil hectares de floresta. As colônias menonitas, inicialmente formadas com barracas improvisadas, hoje contam com aproximadamente 150 famílias, uma igreja que funciona como escola e uma fábrica de queijo.

Quem são os menonitas?

Os menonitas são um grupo religioso que se originou na Europa durante a Reforma Protestante do século XVI. No Brasil, os menonitas chegaram entre 1928 e 1934 como fugitivos do comunismo russo.

Inicialmente se estabeleceram em Santa Catarina, mas, após 20 anos, mudaram-se para o Paraná, fundando comunidades como Vila Guaíra, Boqueirão e a Colônia Witmarsum. Essas comunidades desenvolveram igrejas, escolas e cooperativas, mantendo uma vida agrícola e comunitária.

O nome “menonitas” deriva de Menno Simons, um pastor holandês e precursor do movimento menonita. Menno Simons foi um dos primeiros defensores do batismo de adultos, em oposição ao batismo infantil praticado pela Igreja Católica. Perseguido na Holanda e na Alemanha, ele e seus seguidores se refugiaram em áreas isoladas, sendo posteriormente convidados a se estabelecer na Rússia. Durante a Primeira Guerra Mundial, eles fugiram da Rússia e se espalharam por vários países, incluindo o Brasil.

Menonitas se defendem das acusações de promoverem desmatamento

Os menonitas argumentam que o desmatamento realizado por suas colônias é insignificante em comparação com a vastidão da Amazônia.

Peter Dyck, líder da colônia de Providencia, afirma que “cada colônia desmata um pouco da floresta, mas é muito pouco”. Eles mantêm um estilo de vida agrícola austero, afastado das influências modernas, buscando preservar tradições ancestrais.

Apesar das declarações, as autoridades peruanas investigam as colônias de Wanderland, Providencia e outras, suspeitando de desmatamento ilegal.

Mulheres menonitas da família Friesen lavam roupas na colônia de Wanderland, no Peru. Foto: Marco Garro/NYT

Jorge Guzman, advogado do Ministério do Meio Ambiente do Peru, argumenta que, mesmo que algumas áreas tenham sido desmatadas por madeireiras anteriormente, as operações menonitas ainda precisam de licenças apropriadas devido à extensão de suas atividades.

Defesa dos menonitas contra as acusações

Os menonitas negam irregularidades e alegam que adquiriram suas terras de uma empresa madeireira já envolvida no desmatamento. Medelu Saldaña, um político local que assessora as colônias, afirma que não era necessário obter permissões adicionais para continuar o trabalho nas áreas já desmatadas.

Expansão das colônias

Enquanto as investigações continuam, a expansão das colônias menonitas na região amazônica parece inabalável. Uma nova colônia chamada Salamanca está em processo de formação, e Cornelius Niekoley, um bispo menonita do México, viajou ao Peru para avaliar a compra de terras.