Quem segura as balas de borracha do bolsonarismo? Por Moisés Mendes

Atualizado em 2 de junho de 2020 às 8:47
Polícia despeja chuva de bombas em manifestação antifascista na Paulista. Foto: Reprodução/Twitter

Publicado originalmente no blog do autor

Os estudantes chilenos aguardam o fim da pandemia para o desfecho do acerto de contas com Sebastián Piñera, iniciado em outubro. Eles querem derrubar Piñera.

No Chile, 340 pessoas perderam a visão de um olho e pelo menos quatro ficaram cegas por ferimentos produzidos por balas de borracha disparadas pela polícia.

Em novembro, depois da reação generalizada contra a repressão violenta, Piñera mandou que os carabineiros parassem de usar armas com balas de borracha.

Pela repressão que se vê agora nos Estado Unidos, é provável que tenhamos também lá os cegos pelas balas de borracha de Trump.

A extrema direita americana ainda usa a arma que a direita chilena abandonou. E aí é de se perguntar: a polícia brasileira, que reprime antifascistas e protege a mulher bolsonarista do taco de beisebol na Avenida Paulista, vai usar balas de borracha, se os movimentos pela queda do governo ocuparem as ruas, depois do ensaio de domingo?

Não seria a hora de as oposições, os liberais e as entidades que assinam manifestos alertarem para que as polícias não usem balas de borracha, diante da possibilidade de crescimento das manifestações de rua no próximo fim de semana?

É preciso começar a advertir em voz alta: não cometam o crime de usar bala de borracha contra os que saírem às ruas e ‘afrontarem’ o poder da polícia.

Em São Paulo, o uso das balas foi proibido em 2013. Mas nunca mais as balas foram usadas? Foram.

No ano passado, uma adolescente de 16 anos foi ferida no olho por um disparo de bala de borracha, em Guaianases, na zona leste. A polícia estava dispersando participantes de um baile funk.

E nos outros Estados? A polícia militar usou balas de borracha contra antifascistas domingo no Rio. Alguém disse alguma coisa? Talvez não digam nada, porque as balas de chumbo dos homens de farda continuam matando pobres e negros.

No Rio Grande do Sul, a Brigada atirou no rosto de um torcedor do Grêmio em 2013. O rapaz perdeu um olho. Nunca mais usaram balas de borracha?

A bala de borracha é a arma dos covardes, incapazes de controlar manifestações com recursos que não ofereçam o risco de cegar alguém. A espingarda com bala de borracha é por isso mesmo a arma do fascismo.

Sei que dirão que em situações excepcionais será preciso usar a bala de borracha. Pode ser, talvez seja, para salvar vidas, e não simplesmente para reprimir.

A bala que pretende ser mais ‘macia’ é apenas um arremedo da bala de chumbo, que sai das armas da polícia e mata seis cariocas por dia.

A bala de borracha, que também mata, é um instrumento de tortura nas mãos de uma polícia cada vez mais descontrolada e violenta.

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OUTRA PESSOA

Aguentei o primeiro bloco do Lobão no Roda Viva. Mas já larguei. Lobão era um cara até engraçado por suas posições de maluco da direita.

Agora, como ex-olavista e ex-bolsonarista, virou um cientista político de quinta série.

A direita perdeu Lobão e nós perdemos um cara que nos divertia muito e virou uma mala.

Lobão mudou até o layout. Parece querer imitar o Alexandre Frota.

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Veremos um dia no Brasil, depois do assassinato de um menino negro de 14 anos por um policial, a cena de um policial negro ajoelhado diante de um manifestante negro?