Quem vai reagir ao aparelhamento de Bolsonaro? Por Moisés Mendes

Atualizado em 17 de agosto de 2019 às 14:45
Jair Bolsonaro. Foto: Sergio Lima/AFP

Publicado originalmente no blog do autor

POR MOISÉS MENDES

A Polícia Federal, a Receita e o Coaf estão sendo descaradamente aparelhados. Não há dúvida. A única dúvida é sobre a capacidade de Bolsonaro de completar o serviço e sobre a reação dos servidores desses órgãos.

Se ficarem acomodados, Bolsonaro, Moro e os milicianos irão determinar o que pode e não pode ser feito em instituições decisivas para que os próprios Bolsonaros sejam investigados.

A Polícia Federal já reagiu duas vezes a declarações de Moro e de Bolsonaro. Agora falam que os delegados em postos de comando podem pedir demissão coletiva por causa da tentativa de Bolsonaro de desqualificar o ex-superintendente da PF no Rio Ricardo Saadi e de impor um substituto que não incomode as milícias.

A bola da vez é Marcos Cintra, secretário da Receita, que pode ser degolado a qualquer momento.

No início de agosto, 200 auditores da Receita enviaram um manifesto ao Supremo, pedindo que o STF revisse a decisão de suspender a investigação de poderoso, incluindo ministros da Corte.

Gente ligada à Receita mandou recados pelos jornais com ataques aos ministros do STF, bradando que ninguém, nem os poderosos Gilmar Mendes e Dias Toffoli, está acima da lei.

O que irão fazer agora, quando a caçada é comandada por Bolsonaro, que acusou o golpe ao dizer que tem familiares (um irmão) perseguido pela Receita?

O presidente da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), Charles Alcântara, já disse: “O presidente queria que o irmão ficasse a salvo da fiscalização só por ser irmão dele?”

Mas Alcântara é sindicalista e está fazendo o que lhe cabe. E os auditores que foram se queixar da blindagem do Supremo?

Bolsonaro e Moro estão se livrando de incômodos para a família, para as milícias e para o escondido e protegido Queiroz. Moro só obedece, não manda em mais nada. O Estado foi aparelhado.