‘Queria gozar diante daquele homem sem que ele me tocasse’: um novo capítulo de nosso folhetim erótico

Atualizado em 22 de janeiro de 2016 às 21:13
Uma ilustração de Manara
Uma ilustração de Manara

No último capítulo recebi a proposta mais louca e indecente de toda a minha então breve vida.

Vicente, um escritor que me foi apresentado pelo meu parceiro de sexo casual, sugeriu que inspirássemos o seu novo livro de erotismo barato. Ele gostaria de assistir às nossas transas.

Era uma proposta tão insana que me parecia irrecusável. Mas havia condições. E ele, é claro, era todo ouvidos.

– Você não pode me dizer o que fazer. Queremos espontaneidade, certo? Não queira conduzir as minhas transas como conduz os seus personagens estranhos. Não esqueça: você é só um observador.

Ele consentiu com uma expressão quase engraçada.

– E o mais importante: ninguém jamais saberá quem eu sou.

– Ok. Podemos começar hoje?

– Talvez. Me deixe beber um pouco mais.

Eu não precisava beber para me sentir a vontade, só precisava beber pelos mesmos motivos de sempre. Sexo sempre me deixou muito à vontade, aliás.

Não me envergonho disso. O pudor é uma espécie de vírus que priva as pessoas da felicidade, da liberdade genuína, priva-as, no fundo, daquilo que realmente querem viver.

Eu nunca me dei a isto. E o que eu queria naquela noite era gozar diante dos olhos daquele homem, sem que ele pudesse me tocar. Queria vê-lo explodindo sob as calças, queria encará-lo trêmulo diante de uma tela enquanto me observava como quem assiste a um filme caseiro barato.

Ele não desconfiava, mas esse era o meu verdadeiro deleite.

Bebemos mais algumas cervejas geladas. Dancei sozinha e contei piadas de gosto duvidoso em voz alta – costumo perder a elegância de acordo com o teor alcoólico no meu sangue, é triste.

Pedi uma água – precisava estar um pouco sóbria para viver aquele momento.

– Vamos pra minha casa.

Os dois entreolharam-se como se estivessem prestes a assistir uma estreia. E era, de alguma maneira.

Abri a porta e fomos recepcionados pelo cheiro de tabaco e insenso da minha casa. Eu ainda tinha um vinho e um disco do Nouvelle Vague.

Vicente acomodou o seu notebook na minha escrivaninha, como quem se preparava, sobriamente, para mais um trabalho. A cena era risível, embora a tensão sexual já houvesse se instalado.

Eu e Marcos nos acomodamos no sofá pequeno e aconchegante, com nossas taças de vinho e nossos corpos à flor da pele. Ele estava visivelmente desconfortável: ignorava a presença de Vicente de todas as maneiras possíveis. Eu, ao contrário, queria notá-lo e ser notada. Vê-lo compenetrado e ansioso era excitante.

Embora nervoso, Marcos estava pronto, como sempre esteve – pude sentir ao tocá-lo por cima das calças. Nos entreolhamos por alguns segundos e tudo estava dito: a presença de Vicente não nos intimidaria.

Marcos segurou o meu rosto com umas das mãos e me beijou quase violentamente.

Olhei para Vicente, acomodado no seu escritório improvisado, sorri cinicamente e…

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Capítulo I
Memórias de Uma Advogada Libertina
Vicente Cadiz

Ela sorriu cinicamente e abriu-se no colo dele. Eu quase podia sentir a sua boceta roçando no pau desgraçadamente duro do meu amigo. Ela rebolava como se já estivesse no ápice do prazer.

Aquela mulher não sabia o que eram preliminares ou estava apenas tentando se exibir? Eu não sei. Mas se estava, conseguiu.

Ele a tirou do próprio colo com violência e a empurrou para o sofá. Gosto da linguagem sexual violenta que eles usam: parece preceder uma perversão qualquer. Ela estava no sofá da própria casa, com as pernas abertas o quanto podiam e um olhar pervertido que se dividia entre nós dois, enquanto era atentamente observada por um velho que acabara de conhecer.

[continua]