Questionário negacionista do CFM sobre vacina contra Covid em crianças gera revolta

Atualizado em 16 de janeiro de 2024 às 16:47
Criança recebe vacina contra Covid-19. Foto: Reprodução

Uma pesquisa do Conselho Federal de Medicina (CFM) que questiona a opinião de médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação contra Covid-19 em crianças tem gerado revolta na comunidade científica. O questionário negacionista avalia o que médicos pensam sobre a imunização de crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses.

Para a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o CFM favorece o “negacionismo” com o questionário. “Lembramos que ciência não é matéria de opinião. Protocolos de prevenção e de tratamento de doenças são desenvolvidos a partir de pesquisas, do laboratório aos seres humanos”, aponta a entidade em nota de repúdio.

A SBPC ainda diz que questões de saúde devem ser tratadas por meio do método científico. “Não se decide se a Terra é redonda ou plana, se Marte é um planeta ou um holograma, por meio de enquetes de opinião, como essa ora realizada pelo CFM”, prossegue.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) afirmam que a pesquisa do CFM é “desprovida de metodologia adequada para os objetivos propostos”. As duas entidades ainda apontam que há “claras evidências que apontam os benefícios da vacinação” em crianças como forma de prevenir a Covid-19, seus sintomas e as complicações a longo prazo.

“Estas evidências apontam a necessidade de que tenhamos vacinas atualizadas e disponíveis para o grupo de crianças menores de 5 anos, onde ainda temos uma proporção significativa de crianças nunca infectadas e sem doses de vacina”, apontam a SBI e a SBP.

Sede do Conselho Federal de Medicina (CFM). Foto: Divulgação

Em nota, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) afirmou estar preocupada com o questionário negacionista e aponta que equiparar “crenças pessoais à ciência, como proposto pela pesquisa do CFM, pode gerar insegurança” na população e na comunidade médica.

Após as críticas, o CFM afirmou que o questionário tem como objetivo “compreender o posicionamento da classe médica” sobre a imunização de crianças. O conselho ainda argumenta que a pesquisa é usada para ampliar o debate e ouvir a maioria da classe médica.

“Em nenhum momento, o CFM contesta a eficácia ou a decisão do Ministério da Saúde de disponibilizar a vacina contra a covid-19 para a população infantil”, diz o CFM.

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