Rachadinha: Flávio Bolsonaro usou “cheque fantasma” para comprar imóvel no RJ

Atualizado em 10 de outubro de 2023 às 7:44
Flávio Bolsonaro. Foto: Reprodução

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) acusou o senador Flávio Bolsonaro em 2020 no contexto do esquema das rachadinhas, destacando transações imobiliárias envolvendo dinheiro de origem questionável. Essas transações frequentemente envolviam pagamentos em espécie, cheques de terceiros ou boletos que nunca eram descontados de sua conta pessoal.

Uma das transações em questão diz respeito à aquisição de um andar inteiro no prestigiado edifício Barra Prime Offices, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comprou doze salas do edifício durante a fase de lançamento em 2008. As informações foram divulgadas pelo colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles.

Segundo a denúncia do Ministério Público, em aproximadamente um ano, o senador fez pagamentos relacionados à compra do imóvel, totalizando R$ 297 mil. No entanto, nenhum desses valores saiu de sua própria conta bancária. Os pagamentos incluíram R$ 86,5 mil em dinheiro vivo, R$ 193,6 mil em boletos e R$ 16,8 mil em cheques, totalizando aproximadamente R$ 3 milhões.

Posteriormente, Flávio Bolsonaro vendeu as salas adquiridas ainda na planta por um valor significativamente superior, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro por parte dos promotores.

O parlamentar nunca forneceu uma explicação detalhada sobre a compra das salas, optando por criticar o trabalho do MP, alegando vícios processuais e erros na acusação. A denúncia acabou sendo arquivada, não por falta de provas, mas devido à anulação das evidências pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), argumentando que, devido ao foro privilegiado de Flávio, a investigação deveria ocorrer em instância superior.

Por ter negociado diretamente com representantes da construtora, a aquisição milionária do filho “01” do ex-capitão não estava registrada em documentos públicos, tornando impossível a descoberta de sua propriedade por meio de pesquisas de cartório. Além disso, os pagamentos em espécie e via boletos contribuíram para a falta de rastreamento.

No entanto, Flávio deixou uma pista significativa durante a fase inicial do negócio. Para evitar que um cheque de R$ 200 mil nominal ao empreendimento imobiliário fosse descontado, ele não assinou o documento de forma convencional. Em vez disso, seu nome completo, escrito à mão em letra cursiva, preenchia o campo correspondente, criando uma espécie de “cheque fantasma.”

Este documento e outros relacionados a transações suspeitas foram apreendidos pelos investigadores durante operações de busca realizadas ao longo da investigação das rachadinhas.

Confira:

Cheque “fantasma” de Flávio Bolsonaro. Foto: Reprodução
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