Racismo do bolsonarista Piquet contra Hamilton será julgado pelo STF

Atualizado em 27 de dezembro de 2023 às 13:36
Nelson Piquet, ex-piloto de Fórmula 1. Foto: reprodução

As declarações racistas proferidas pelo ex-piloto bolsonarista Nelson Piquet contra o heptacampeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton serão julgadas no Supremo Tribunal Federal (STF).

As entidades que moveram o processo contra Piquet por racismo planejam recorrer da decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que manteve a anulação da condenação do bolsonarista nesta quarta-feira (27).

Em março deste ano, o ex-piloto foi condenado a pagar R$ 5 milhões por suas falas racistas e homofóbicas dirigidas a Hamilton. Contudo, em outubro, a Justiça do Distrito Federal anulou a sentença. Na ocasião, Piquet disse que “o neguinho [Hamilton] devia estar dando mais cu naquela época [em que não ganhou títulos], aí tava meio ruim”.

O processo foi iniciado pelo Movimento Legal, sendo liderado pelas entidades Educafro, Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo e Aliança Nacional LGBTI.

Inicialmente, o juiz da primeira instância considerou as ofensas de Piquet como “intoleráveis”, determinando que a indenização de R$ 5 milhões fosse destinada a projetos de igualdade racial e diversidade. Em maio, a Justiça negou um recurso interposto pelo bolsonarista.

No entanto, o entendimento do Tribunal mudou na decisão recente. O relator do caso, Aiston Henrique de Sousa, argumentou que Piquet fez um “deboche”, mas sem caracterizar discurso de ódio.

“Não há demonstração de discurso de ódio. A utilização de termos da linguagem coloquial [informal], ainda que eivada de inspiração racista sutil ou involuntária, ainda que inadequada, não traz consigo a gravidade e a relevância suficientes para caracterizar o dano coletivo,” afirmou o magistrado no acórdão publicado nesta quarta-feira.

O desfecho do caso agora dependerá do Supremo Tribunal Federal, onde as entidades planejam levar a questão para reavaliação. O embate jurídico ressalta a importância do debate sobre discurso de ódio e racismo nos meios esportivos e as consequências legais para indivíduos que perpetuam tais atitudes.

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Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.