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Racismo e intolerância religiosa são destaque na abertura do carnaval em São Paulo

O último carro da Rosas de Ouro, com homenagens a personalidades e também os próprios moradores da Brasilândia, bairro sede da escola. (Imagem: Reprodução internet)

Duas questões interligadas, o racismo e a intolerância religiosa foram destaque nos desfiles desta primeira noite do carnaval de São Paulo. A escola de samba Rosas de Ouro, da Freguesia do Ó, na zona norte, levou para o Sambódromo do Anhembi a luta de séculos dos negros em busca da justiça. E a Gaviões da Fiel, do Bom Retiro, abordou o preconceito que leva a perseguições às religiões de origem africana.

Seu enredo foi “Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”, inspirado no termo bantu “kindala”, que significa “agora”, e em verso da música “AmarElo”, do rapper Emicida. Em sua apresentação, já na madrugada, mostrou, com cenários impactantes, a brutalidade da escravidão e toda a violência contra os africanos e seus descendentes no país.

Já em sua comissão de frente, uma representação do sofrimento dos negros sequestrados e trazidos ao Brasil em navios negreiros para serem escravizados. Em destaque em um dos carros, o jornalista Manoel Soares deu vida à liderança da resistência negra, Zumbi dos Palmares. Diante dele, ritmistas vestiam fantasias que lembravam os quilombolas de Palmares.

Reflexões sociais

O desfile, que também lembrou ícones negros, como Pixinguinha, Aleijadinho e Machado de Assis, além de Pelé, Gilberto Gil e Glória Maria, e a cultura, a religião e a culinária afro-brasileiras. terminou com carro chamado ‘Resistir para existir”.

Artistas como Karol Conká, Leci Brandão, Rappin Hood e Adriana Lessa foram destaque do último carro. Nele, uma mensagem de esperança e resistência, inspirada no discurso do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania do governo Lula (PT), Silvio Almeida. Em sua posse, o ministro foi enfático: “Vocês existem e são valiosos para nós”, dirigindo-se a cada grupo que compõe a diversidade da população brasileira.

Racismo e intolerância religiosa: heranças da escravidão

A intolerância religiosa no Brasil, sinônimo de perseguição às crenças de origem africana, marcada sobretudo por incêndios a templos religiosos, foi o tema da escola de Samba Gaviões da Fiel. Sétima a desfilar na primeira noite no Anhembi, trouxe na comissão de frente um tripé estilizado em uma grande fogueira, que purificava inquisidores e os libertava na forma de seres de luz.

O dia já estava claro quando o abre-alas da Gaviões trazia seu grande carro, branco, anunciando um tempo de paz e harmonia entre religiões. Diante da bateria, a rainha Sabrina Sato inspirava os ritmistas com as fantasias de guerreiros de São Jorge e mensageiros de Ogum. A ideia era representar a união entre o catolicismo e as religiões africanas.

O desfile homenageou figuras importantes, como o médium Chico Xavier e a freira brasileira Irmã Dulce. Canonizada em 2019 pelo papa Francisco, tornou-se a primeira santa nascida no Brasil. Segundo os carnavalescos, o objetivo foi mostrar que apesar das diferenças nas formas de culto, existe apenas uma força onipotente. E que todas as religiões têm em comum a busca pelo amor e respeito.

Publicado originalmente em Rede Brasil Atual

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