
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado a 16 anos de prisão por envolvimento na trama golpista, voltou a desafiar o ministro Alexandre de Moraes neste domingo. Foragido nos Estados Unidos, ele afirmou em vídeo publicado nas redes sociais que só retornará ao Brasil se o STF enviar um pedido formal de extradição para que um juiz americano analise toda a investigação do caso.
Ramagem declarou que, caso Moraes decida avançar com a solicitação, a Justiça norte-americana irá responder “de forma enfática” sobre o que ele chamou de “juristocracia” e “arbitrariedade” no Brasil. O parlamentar fugiu do país em setembro, logo após ter a prisão decretada pelo ministro a pedido da Polícia Federal, que apontou violação das medidas que o impediam de sair do território nacional.
A PF investiga se a fuga ocorreu por Boa Vista (RR), com entrada posterior nos Estados Unidos via Venezuela ou Guiana. A Câmara dos Deputados informou que não autorizou qualquer missão oficial do parlamentar no exterior. Os registros apresentados por Ramagem incluem atestados médicos que vão de setembro a dezembro, período no qual ele já estava em solo americano.
Todo o conluio a narcoterroristas e financiamento a ditaduras na América Latina estão sendo desvendados e serão combatidos.
Maduro deve ser o primeiro. A juristocracia garantidora do narcoestado lulopetista está na fila, sob análise e deliberação. pic.twitter.com/SgfqmXdvhM
— Alexandre Ramagem (@delegadoramagem) November 30, 2025
No vídeo, o deputado também afirmou ter sido “abraçado” pelo governo Donald Trump. Em entrevista recente, disse estar “seguro” no país e insinuou que a administração norte-americana teria conhecimento e anuência sobre sua presença nos EUA. O governo Trump, porém, não comentou oficialmente o caso.
O STF pode solicitar a extradição de Ramagem, mas o pedido precisa ser formalizado pelo Executivo brasileiro. Caso isso ocorra, caberá ao governo dos Estados Unidos decidir se entrega ou não o parlamentar, conforme os termos do tratado bilateral. A decisão é política e, portanto, depende diretamente da Casa Branca.
Casos anteriores mostram que a resposta não é garantida. Em 2021, os EUA não extraditaram o blogueiro Allan dos Santos, também investigado por ataques antidemocráticos. Na ocasião, o governo americano alegou que os crimes imputados — como calúnia, injúria e difamação — não constavam na lista de delitos passíveis de extradição.
A situação de Ramagem se tornou mais complexa após a divulgação de documentos e mensagens que, segundo as investigações, o relacionam ao núcleo responsável por ações clandestinas da Abin durante o governo Bolsonaro. O deputado nega todas as acusações e afirma ser vítima de perseguição.
Enquanto permanece foragido, o processo segue em andamento no STF. A Polícia Federal mantém buscas para apurar sua rota de fuga e eventuais cúmplices. A defesa de Ramagem, até o momento, não comentou o novo vídeo em que ele desafia diretamente o ministro do Supremo.