
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), esteve em uma reunião secreta no Congresso em julho deste ano que tinha como objetivo investigar as compras de programas de espionagem realizadas pela agência nos últimos seis anos.
De acordo com a Polícia Federal (PF), o hoje parlamentar ainda estava no comando da Abin quando um grupo de servidores teria utilizado o programa de espionagem First Mile para monitorar ilegalmente, sem autorização judicial, a localização de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), políticos, jornalistas, advogados e opositores do governo Bolsonaro.
O bolsonarista, que assumiu o comando da agência em julho de 2019, disse nas redes sociais que a operação da PF para investigar o caso só foi possível devido ao “início de trabalhos de austeridade” promovidos por ele ainda na gestão de Bolsonaro.
“Rogamos que as investigações prossigam atinentes a fatos, fundamentos e provas, não se levando por falsas narrativas e especulações”, escreveu.

A PF deflagrou nesta sexta-feira (20) a Operação Última Milha para investigar o caso. Dois servidores da Abin foram presos sob suspeita de chantagear os colegas que operavam a ferramenta de espionagem, e outros cinco foram afastados. Ambos atuavam sob o comando do agora deputado, que atua como membro titular da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional.
A CCAI se reuniu no dia 5 de julho para esclarecer as compras de programas de espionagem realizadas pela Abin nos últimos seis anos.
A próxima reunião da comissão com o diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Côrrea, está marcada para a próxima quarta-feira (25), com foco no uso do sistema First Mile.