Ranking internacional mostra como governos Temer e Bolsonaro aumentaram a fome no Brasil

Atualizado em 13 de outubro de 2024 às 22:20
Brasileiros em protesto contra as políticas que aumentaram a fome no Brasil. Foto: Mídia Ninja

O Brasil, que foi um exemplo de sucesso no combate à fome no Século XXI, méritos atribuídos aos governos petistas, enfrenta uma preocupante reversão nos índices de nutrição, de acordo com o mais recente relatório do Global Hunger Index (GHI), divulgado em outubro de 2024. O estudo analisou dados entre 2000 e 2023 e aponta que a instabilidade política e econômica a partir de 2016 causou impactos negativos nos avanços obtidos até então.

Coincidentemente ou não, os números no chamado índice GHI pioraram no Brasil após os desdobramentos causados pela operação Lava Jato e pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), abrindo espaço para as políticas neoliberais adotadas pelos governos de Michel Temer (MDB), entre 2016 e 2018, e de extrema-direita de Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022.

Entre os anos de 2000 e 2002, cerca de 10,4% da população brasileira estava subnutrida. No entanto, com a implementação de políticas sociais voltadas para a redução da pobreza e promoção da segurança alimentar, como o Bolsa Família e o Fome Zero, esse percentual começou a cair.

O relatório destaca que, entre 2007 e 2009, o índice de subnutrição havia caído para 4,9%, e, em 2017, o Brasil alcançou a marca de menos de 2,5% da população nessa condição.

No chamado índice GHI, a pontuação que avalia uma média nos parâmetros de fome e saúde infantil, mostra que a involução do Brasil. Com “score” de 11.7 em 2000, a avaliação a cada oito anos apresenta a queda para 6.7 durante o governo Lula, 5.5 com Dilma e o crescimento para 6.6 após as gestões de direita. Vale lembrar que a pontuação mais alta representa maior índice de fome, mortalidade infantil e desnutrição.

Evolução do Brasil na pontuação do índice GHI. Foto: GHI

O Bolsa Família, amplamente elogiado pelo GHI, foi citado como o maior programa de transferência de renda condicional do mundo. O foco principal do programa, que beneficiava diretamente milhões de mulheres de baixa renda, trouxe não apenas melhorias na saúde e na educação das famílias, mas também promoveu o empoderamento feminino em diversas comunidades. A iniciativa foi uma das principais responsáveis pela significativa redução da pobreza extrema e da fome no país.

No entanto, após 2016,que desestruturou diversas cadeias produtivas e gerou desemprego em massa, o Brasil começou a enfrentar uma reversão preocupante nos avanços conquistados.

O GHI destaca que, em 2023, o índice de subnutrição no Brasil voltou a subir, atingindo 3,9% da população. Esse aumento, segundo o relatório, é reflexo direto das crises políticas e econômicas dos últimos anos, que desestabilizaram as políticas de combate à fome.

Além do aumento na subnutrição, o relatório também aponta que o Brasil registrou retrocessos em outros indicadores relacionados à saúde infantil. O índice de desnutrição infantil (3,9% da população), mortalidade infantil (1,4%) e o atraso do crescimento infantil (7,2%) apresentaram pioras, refletindo os efeitos das crises sobre a população mais vulnerável.

A posição do Brasil no ranking do GHI também evidencia os desafios que o país enfrenta atualmente no combate à fome. O país ocupa a 33ª colocação, atrás de outras nações latino-americanas, como Chile, Costa Rica, Uruguai, Colômbia, Paraguai, México e Argentina.

Brasil tem pontuação pior que a de países como Paraguai, Chile, Colômbia e Uruguai. Foto: GHI

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