Recorde de feminicídio: Brasil tem uma mulher morta a cada 6 horas em 2022

Atualizado em 8 de março de 2023 às 7:58
Imagen representativa de violência contra a mulher. (Foto: Adriana Pimentel / Arte: Flávia P. Gurgel)

O Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022 em comparação com 2021. Mais de 1,4 mil mulheres são mortas apenas por serem mulheres no país, cerca de uma a cada 6 horas. Os dados foram divulgados após um levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos da violência da USP (NEV-USP), juntamente com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, (FBSP), em parceria com o g1.

O número registrado pelo levantamento foi o maior desde que a lei de feminicídio entrou em vigor, em 2015. Segundo o FBSP, ao menos 10 mulheres são assassinadas no Brasil todos os dias. Especialistas acreditam que, com base nos dados, seria como se as mulheres não tivessem conquistado o direito à vida ainda.

Apenas no ano de 2022, o Brasil teve 3,9 mil homicídios dolosos de mulheres. Mato Grosso do Sul, Roraima e Rondônia se destacaram como os estados com os maiores números de feminicídios do país. Oito em cada 10 crimes são cometidos pelo parceiro ou ex-parceiro da vítima.

Violência doméstica. (Foto: Reprodução)

De acordo com especialistas, uma das explicações para a alta é a redução expressiva do investimento em políticas de enfrentamento à violência doméstica e familiar. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), houve um corte expressivo da verba para essa área, dinheiro destinado, principalmente, às unidades da Casa da Mulher Brasileira e de Centros de Atendimento às Mulheres.

Outros fatores são: a baixa fiscalização, o que permite que mesmo mulheres com medidas protetivas se tornem vítimas de feminicídio; o aumento do número de armas em circulação, com o relaxamento das leis; e a ascensão de movimentos conservadores que defendem a manutenção da desigualdade de gênero nas relações sociais.

“Ao contrário dos homicídios em geral, cujas motivações são as mais variadas, os feminicídios têm sempre o mesmo cerne: a desigualdade de gênero”, afirmaram as pesquisadoras Debora Piccirillo e Giane Silvestre, pesquisadoras do NEV-USP.

“Esta desigualdade, que está presente nas relações sociais, é baseada na crença de que as mulheres são subalternas aos homens e que suas vontades são menos relevantes. A violência de gênero reflete a radicalização desta crença que, muitas vezes, transforma as mulheres em objetos e ‘propriedade’ de seus parceiros”.

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