Recuo no plenário: Câmara vota suspensão de Glauber e afasta cassação

Atualizado em 10 de dezembro de 2025 às 23:09
Deputados na sessão do Plenário desta quarta-feira. Foto:: Divulgação

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (10) o requerimento que colocou em votação, antes da cassação, a proposta de suspensão do mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses. O destaque apresentado pelo PT recebeu 226 votos favoráveis, 220 contrários e três abstenções, abrindo espaço para uma punição mais branda do que a perda do mandato prevista no parecer do Conselho de Ética.

Para que a suspensão seja validada, serão necessários 257 votos. Se a emenda for aprovada, o parecer do relator no Conselho de Ética, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomenda a cassação de Glauber, ficará automaticamente prejudicado e não será submetido ao plenário.

Caso seja rejeitada, os deputados decidirão diretamente sobre o parecer, limitando-se a concordar ou discordar da penalidade sugerida.

A votação ocorre um dia após Glauber ocupar a cadeira da Presidência da Câmara e ser retirado à força pela Polícia Legislativa.

Momento em que Glauber Braga (PSOL-RJ) é retirado da cadeira de Motta na Câmara. Foto: Reprodução

A representação apresentada pelo Novo acusa o deputado de quebra de decoro por um episódio registrado em abril do ano passado, quando Glauber empurrou Gabriel Costenaro, então integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), durante uma discussão nos corredores da Câmara. As imagens, gravadas na ocasião, integram o processo disciplinar.

Durante os 25 minutos de defesa, Glauber voltou a criticar a condução da Câmara e afirmou que reagiu após perseguições e ofensas dirigidas à sua mãe, que enfrentava um quadro avançado de Alzheimer.

A votação final da punição ainda será realizada pelo plenário. Se a emenda com a suspensão alcançar os 257 votos necessários, a cassação deixará de ser analisada. Caso contrário, voltará ao debate o parecer do Conselho de Ética, em meio ao ambiente de forte pressão política após a intervenção da Polícia Legislativa e a condução da crise pela presidência da Câmara.

A movimentação em plenário também provocou desgaste interno no PL. O deputado Bibo Nunes afirmou que votaria a favor da suspensão de Glauber Braga após avaliar que não havia votos suficientes para cassação, o que contrariou a orientação do líder da sigla, Sóstenes Cavalcante. A reação foi imediata: Bibo foi destituído da vice-liderança do partido, ampliando o clima de tensão entre os aliados de Jair Bolsonaro.

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber Braga, afirmou nas redes sociais que o processo está “encerrado” e destacou que a mobilização popular foi decisiva para evitar a cassação. Segundo ela, a bancada do PSOL atuou para garantir a alternativa da suspensão, considerada por ela uma resposta à desproporcionalidade da penalidade originalmente proposta. Em sua mensagem, Sâmia declarou que o partido “não abriu mão de seus princípios” e celebrou o resultado.