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Recusa em prender Wajngarten apequena o Senado. Por Tiago Barbosa

Fabio Wajngarten. Foto: Agência Senado

A tibieza da CPI do Genocídio com o corolário de mentiras do ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten é uma fraquejada incontornável – e inadmissível – contra forças de natureza fascista.

A recusa da prisão em flagrante por testemunho falso apequena o Senado como contraponto de poder à violência real e simbólica de um Executivo capaz de enterrar mais de 425 mil brasileiros.

É um equívoco pressupor o gesto de tolerância como aceno democrático ou de garantismo a um ex-integrante de um governo indiferente às convenções civilizatórias.

Não se negocia com fascismo – e toda leniência bem-intencionada prefacia a virulência de quem se nutre do esquartejamento institucional.

A parcimônia do presidente da CPI, Omar Aziz, atesta ignorância sobre o real estágio de putrefação do país sob Jair Bolsonaro e da ameaça constituída pelo clã na órbita do presidente.

O Brasil jaz todo dia pelo desprezo à vida exalado por uma gangue de alienados capazes de envenenar, desinformar, precarizar e assassinar a população para quem deveriam governar.

O ímpeto assassino do bolsonarismo chancela experimentos nazistas de inalação de remédio ineficaz em humanos – e já devastados por uma doença letal.

Autoriza aglomerações responsáveis por difundir e mutar um vírus enquanto milhares padecem por asfixia à espera de um leito em UTIs superlotadas.

O gesto de complacência do senador Omar Aziz – e, por extensão, dos senadores da CPI – avaliza essa barbárie porque protege, à revelia da lei, quem tocou a degradação sanitária do país.

A provocação do Ministério Público é uma terceirização ineficaz de responsabilidade porque ignora o papel de engavetador desempenhado pelo procurador-geral na era do bolsonarismo.

A omissão desperta um efeito nefasto típico da anuência contra fascismos: a radicalização de quem usa a violência como forma de atuação pública.

Prova inequívoca são a “saudação” ao presidente da CPI e as ofensas ao relator Renan Calheiros feitas por Flávio Bolsonaro, atrofia parlamentar conhecida pela aliança com milicianos e pela corrupção do esquema das rachadinhas.

A condescendência com o depoimento mentiroso de Wajngarten desmoraliza a CPI e libera outros relatos falsos – precedente perigoso diante de um governo forjado à base de fake news.

A prisão – mesmo se relaxada pelos tribunais – constituiria um gesto de poder para soerguer o Senado contra o vale-tudo instituído por uma quadrilha sem apreço pela vida ou pela verdade.

A CPI precisa salvar o Brasil de Bolsonaro – e isso dispensa negociar com fascismo.

Fernando Miller

Fernando Miller, paulistano, advogado, palmeirense

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