Aos 79 anos, José Serra mantém um tabu: não fala sobre seu estado de saúde.
Notório hipocondríaco, está internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com diagnóstico de covid.
A assessoria de imprensa garante que está tudo bem.
Diz que o senador não apresenta sintomas da doença e que sua hospitalização é preventiva e para realização de exames.
Ele já recebeu duas doses da vacina.
A internação, assim, povoa de fantasia os debates no PSDB.
Por dois motivos: Serra tem dito que vai disputar a reeleição; todo mundo sabe que seu estado de saúde é precário.
Nas vezes em que é visto em público, aparenta apatia e olhar vago.
Num encontro casual recente, quando chegou para visitar Geraldo Alckmin no bairro do Itaim, foi apresentado a uma pessoa, não esboçou reação e esticou a mão para cumprimentar a que estava ao lado.
Serra já fez cateterismo, pôs stent, operou a próstata e já se submeteu a uma operação na coluna durante o período em que ocupou o ministério de Relações Exteriores no governo do golpista Temer.
Gozador, Fernando Henrique, 10 anos mais velho, costuma dizer sobre o amigo: “Ele está mais velho que eu”.
As versões extra-oficias vindas de amigos apontam para um quadro de depressão profunda e continuada.
Mas cenas recentes – como a do encontro casual no Itaim supracitada e, anteriormente, confusões com nomes de lugares e pessoas – podem indicar problemas mais sérios.
Com ou sem sintomas da covid, o certo é que ninguém no PSDB acredita que tenha condições de disputar um novo mandato ao senado.
João Doria, inclusive, tentou negociar a legenda com Geraldo Alckmin, de forma abrir caminho para a candidatura de Rodrigo Garcia ao governo.
Serra virou carta fora do baralho faz tempo no tabuleiro político nacional. Vive seu ocaso da mesma forma que sempre atuou na vida pública: sozinho, nas sombras.