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Regina Duarte, Bolsonaro e a ameaça fascista: é preciso enfrentá-los. Por Joaquim de Carvalho

Regina Duarte e o convite para a manifestação: acabar o o STF

A atriz Regina Duarte compartilhou o convite a uma manifestação de rua marcada para hoje com o propósito de “acabar com o STF”. Apenas isso: acabar com o STF.

É algo tão grave que se poderia pensar em crime contra a Constituição, já que a corte suprema é um dos poderes que sustentam a democracia no Brasil.

Tem gente que pode considerar o gesto da atriz inocente, já que talvez ela nem saiba o alcance da proposta que endossa.

Regina Duarte é meio “esquecida”, como lembrou o ator Zé de Abreu em uma polêmica antiga com ela. “Não consegue decorar textos há muitos anos”, contou.

Não é desculpa.

Regina Duarte é como aquela idosa que ajuda a jogar gasolina na fogueira e depois diz: “Eu não sabia”.

E, há anos, tem ajudado a sabotar a democracia no Brasil, emprestando sua imagem a causas anti-populares.

Suas ações são da mesma família da youtuber mirim que vem a público para dizer que deseja a morte dos adversários.

Poderia ser a avó dela.

Poderia ser também tia de Joice Hasselmann, que neste fim de semana teve um vídeo antigo seu republicado pelo submundo da internet, em que ela defende a intervenção militar se não forem afastados os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.

Não é vídeo novo, frise-se, mas reflete o pensamento atual de muitos daqueles que fazem o movimento anti-STF na rede.

Esse movimento, que inviabilizou o governo de Dilma Rousseff, prendeu Lula e elegeu Bolsonaro, não vai parar.

O STF é só mais um degrau.

Se não vai parar, ele terá que ser parado, pela manifestação daqueles que querem manter o Brasil no caminho da democracia.

É civilização x barbárie.

Lembre-se:

Quando começou o movimento para derrubar Dilma, alguns que não gostavam dela, mas não eram anti-democratas, se calaram.

Ponto para a barbárie.

Quando Lula foi condenado sem provas e tinha direito a recorrer em liberdade, também se calaram.

Ponto para a barbárie.

Quando Bolsonaro, fazendo uso de uma rede abusiva de fake news, ameaçava vencer as eleições, se calaram.

Ponto para a barbárie.

Agora, por discordarem do STF, os mesmos indivíduos querem ganhar as ruas.

O que pretendem?

Enquadrar os ministros?

A sua destituição?

O fechamento do STF?

Ministros vencidos no julgamento sobre a Lava Jato, como Luís Roberto Barroso e Cármem Lúcia, deveriam ser os primeiros a demonstrar a união da corte em defesa da Constituição.

Mas estão calados.

Esperando para ver o que acontece nas ruas.

Isso não é justiça, não é compromisso com a democracia.

É linchamento.

É um comportamento indigno, é se curvar a aventureiros de Curitiba, que, através da Lava jato, tornaram o Brasil refém de um projeto político de poder.

O líder deles já está no Ministério da Justiça.

O número 2 cobiça a Procuradoria Geral da República, depois de articular a criação de uma fundação bilionária com dinheiro da Petrobras.

Anote: eles não vão parar.

Terão que ser parados, pela força da democracia, como fez, por exemplo, Franklin Delano Roosevelt nos Estados Unidos, quando percebeu que os ventos do nazismo sopravam sobre o país que presidia.

Depois da sua eleição, em 1932, ele promoveu encontros com os formadores de opinião do seu país, um a um, e explicou o perigo que representava a ascensão de Hitler na Alemanha.

Ajudou a construir um consenso em seu país em defesa da democracia.

Não se omitiu.

Joaquim de Carvalho

Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com

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Joaquim de Carvalho

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