Regina Duarte já havia casado com o fascismo bolsonarista há muito tempo. Faltavam detalhe$. Por Nathalí 

Atualizado em 29 de janeiro de 2020 às 18:55
Bolsonaro e Regina Duarte

Depois do discurso nazista – não bastasse ser nazista, um plágio – de Alvim, e de sua consequente exoneração, Regina Duarte assumiu a pasta da Cultura. 

Era o que faltava para um governo abaixo do fundo do poço. O despreparo da namoradinha da ditadura para o cargo não é um problema, pelo contrário: não ter a mínima ideia do que está fazendo é um pré-requisito pra brincar na patifaria do Jair.

Sob a promessa de compor o governo de técnicos, o que o governo faz é justamente o contrário. Une o mais grotesco amadorismo à obediência cega.

Eis portanto a única coisa necessária para ser convidado a esse desgoverno (além do despreparo): estar de acordo ao lunatismo da familícia.

Despreparo e lunatismo é o que Regina, a véia de Jair, tem de sobra, além de uma quedinha – na verdade, um tombo – pela ditadura. Apesar de fazer parte da classe artística desde os 14 anos, ela não tem nenhuma experiência com gestão cultural e nenhum apoio de seus colegas de classe.

A coxinhagem que lhe é característica não se deve só ao ódio de classe que se estampa em seu rosto – o caso é que ela detesta, sobretudo, a democracia.

Já foi flagrada posando ao lado de Fidel Castro e agora se presta ao papel de ser uma artista apoiando um governo que odeia a arte.

Regina já fora convidada para integrar o governo no início de 2019, mas recusou. Agora, resolveu aceitar: “estamos noivando”, disse à Folha de S.Paulo, referindo-se ao período de testes ao qual se submeterá na Secretaria Especial de Cultura.

Na verdade, ela já completou bodas de ouro com o autoritarismo, e nada poderia ser mais adequado ao governo Bolsonaro. A véia do Jair é a cara do Jair: anti-feminista, odeia a democracia e a diversidade e entende muito de desonestidade intelectual.

Nas eleições presidenciais, disse que ao conhecer Bolsonaro encontrou “um cara doce, um homem dos anos 1950, como meu pai, que faz brincadeiras homofóbicas da boca pra fora, um jeito masculino… que chamava o brasileiro de preguiçoso e dizia que lugar de negro é na cozinha; sem nenhuma maldade.”

“Jeito masculino”. Jeito. Masculino.

Me dêem licença pra dizer o óbvio, que mesmo sendo óbvio é indizível por motivos de “não vamos desrespeitar uma mulher na terceira idade, só que vamos”.

Regininha, a gente sabe qual é a sua.

Jeito masculino é aquela voz grossa, aquele coturno pesado, aquele pseudomachão que move as fantasias de senhorinhas com caras de santa – gostar de autoritarismo é um fetiche esquisito, mas não incomum.

O que faz com que a namoradinha da ditadura goste tanto de Jair é o mesmo que fez com que ela gostasse tanto de Che: à esquerda ou à direita, o que importa é falar grosso, mesmo que com isso venha a destruição da cultura, a corrupção, os cortes, o entreguismo, a incompetência, o neofascismo.

O ódio embutido em figuras como Bolsonaro atrai tão ferozmente senhoras fetichistas como a Dona Regina, que elas justificam todo o resto.

Regina já merece desprezo histórico por seu posicionamento político que se coloca como desserviço à sua própria classe, mas pode merecê-lo ainda mais caso aceite o convite e faça o trabalho porco que a gente sabe que ela fará na Secretaria de Cultura: incompetência, a cereja do bolo. E nada mais adequado a um governo autoritário do que uma secretária que goste de cumprir ordens que soem de um “jeito masculino”.