Reinaldo Azevedo está certo: é hora dos democratas acumularem força. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 28 de fevereiro de 2020 às 6:24
Gilberto Maringoni e Reinaldo Azevedo. Foto: Reprodução/Boitempo/YouTube

Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor

REINALDO ESCREVEU O TEXTO QUE EU GOSTARIA DE TER FEITO
Ou porque o impeachment é contraproducente agora
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Reinaldo Azevedo é um liberal e navegou pela direita longo tempo. Mas Reinaldo Azevedo tem uma vantagem incomparável sobre outros articulistas. Militante da Libelu na juventude, Reinaldo pensa, analisa e tira decorrências dos eventos com cabeça de militante marxista. Tem métrica clara.

EXPLICO. Não importa a orientação. Mesmo comunistas que mudaram de lado aprenderam que conjuntura não se analisa com impressionismos e subjetivismos. Funciona melhor, dizia Lenin, a análise concreta da situação concreta. Verifica-se o teatro da batalha, a disposição das forças em jogo, o tempo ótimo para se tomar a iniciativa, o efetivo de cada lado, seus interesses imediatos, o inimigo principal e a ofensiva definidora. Pensa-se para a ação.

Carlos Lacerda, Teodoro Petkoff (brilhante opositor a Chávez), Vladimir Putin e outros quadros de primeira linha foram comunistas algum dia da vida. A comparação com seus pares na direita e no centro sempre foi uma covardia. Cursaram o que se chama na esquerda de “a velha escola”.

REINALDO NADA TEM A VER com as vivandeiras que se alvorçaram nos últimos dias pelas redes com pérolas do tipo “Cheiro de golpe no ar”, “Só não vê quem não quer” ou “É disso que se trata”.

No artigo, Reinaldo desmonta as táticas que nos levariam a um beco sem saída – “Fora Bolsonaro” ou “Impeachment já” – e traça um sintético e sofisticado painel do balanço de forças. Mostra os motivos pelos quais as investidas golpistas foram apostas irresponsáveis e que há espaços a serem ocupados pelos defensores da democracia.

EXISTE UM ARGUMENTO a mais contra o impeachment, além dos que ele enumera. Assim que se levantarem as bandeiras pelo impedimento do miliciano, ele e suas hordas de hienas verão um alvo palpável sobre o qual investir. Alegarão – como no episódio da facada – que “os políticos” ou “o pessoal da mamata” quer tirá-lo do cargo. E as hordas concentrarão ali sua artilharia.

É hora de avançar. Só que atacando pelos flancos, por questões que dialoguem com as maiorias: salário, emprego, comida e – claro! – democracia.

INFORMAÇÃO ADICIONAL: no final da tarde desta quinta (27), o psicofascio Wilson Witzel afirmou que a resposta jurídica à convocatória de Bolsonaro contra as instituições “é o impeachment”.

Para onde quer que esse incentivador de serial killers caminhe, eu vou para o lado oposto.