
A Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania concedeu perdão e uma indenização de R$ 100 mil ao ex-atacante Reinaldo, ídolo do Atlético Mineiro, em reconhecimento à perseguição que sofreu durante a ditadura militar. O ex-jogador, que também jogou pela seleção brasileira na Copa de 1978, relatou ter sido monitorado pelo Sistema Nacional de Informações (SNI) e perseguido no ambiente esportivo.
A decisão foi tomada por unanimidade na sessão desta terça (2). Reinaldo ficou famoso por suas comemorações de gols com o punho cerrado, gesto inspirado no movimento dos Panteras Negras, que simbolizava sua oposição ao regime militar.
Ele explicou, durante sua fala na comissão, que a repressão não se limitava à violência física, mas envolvia campanhas de difamação e tentativas de destruir a reputação e a vida social de quem era visto como inimigo do regime. Essas ações, segundo ele, tinham consequências devastadoras na vida das pessoas.
A decisão de anistiar Reinaldo foi comemorada pelo ex-jogador, que destacou a importância da memória e da justiça de transição para que erros da ditadura não se repitam. “Todos nós sabemos dos horrores da ditadura que tiraram a vida de tantos brasileiros”, afirmou.

Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, esteve presente na sessão e citou a relevância do caso de Reinaldo para a memória e justiça no Brasil. Ela afirmou que o esporte sempre teve um papel importante na defesa da democracia e na luta antirracista.
Após sua carreira no futebol, Reinaldo ingressou na política. Filiado ao PT, foi eleito deputado estadual em Minas Gerais em 1990 e vereador em Belo Horizonte em 2004. Sua trajetória política também reflete seu compromisso com a justiça social e a defesa dos direitos humanos.
A Comissão de Anistia, que é um órgão vinculado diretamente à ministra de Direitos Humanos, tem a função de analisar e recomendar concessões de anistia a vítimas de perseguição política durante a ditadura militar. Os casos analisados devem ter comprovação inequívoca da perseguição sofrida, como no caso de Reinaldo, que finalmente obteve o reconhecimento por sua luta e contribuição histórica.