A ex-chefe do MI5 (o serviço de inteligência britânico), Eliza Manningham-Buller, afirmou que o Reino Unido pode já estar em guerra com a Rússia, em um conflito marcado por ataques cibernéticos, sabotagens e operações de inteligência. A declaração foi dada no podcast oficial do Parlamento britânico, Lord Speaker’s Corner, no último domingo (29).
Para ela, a hostilidade atual de Moscou configura uma nova forma de guerra, que dispensa confrontos convencionais, mas mantém alta intensidade. Manningham-Buller, que comandou o MI5 entre 2002 e 2007, disse concordar com a análise de Fiona Hill, especialista em Rússia e ex-conselheira de segurança nacional dos Estados Unidos.
Hill vem defendendo que Moscou já atua em um cenário de guerra contra o Ocidente, usando métodos de sabotagem e ataques não convencionais para desestabilizar governos.
“É um tipo diferente de guerra, mas a hostilidade, os ataques cibernéticos, os ataques físicos e o trabalho de inteligência são extensos”, afirmou a ex-diretora do serviço secreto britânico. Ela reforçou que a intensidade das ações russas contra o Reino Unido e a Europa já caracteriza uma escalada de confronto.
Nos últimos meses, investigações reforçaram essa percepção. Seis cidadãos búlgaros que viviam no Reino Unido foram presos por integrar uma rede de espionagem a serviço de Moscou. Além disso, cinco homens foram condenados por incendiar, a mando da Rússia, um armazém em Londres que armazenava suprimentos destinados à Ucrânia.
O governo britânico já havia alertado para esse cenário. Em 2023, Pat McFadden, então ministro do Gabinete, revelou que ataques cibernéticos russos contra empresas e instituições no Reino Unido haviam se intensificado. Outros países europeus relataram episódios semelhantes de hackers ligados a Moscou.
O avanço da guerra híbrida russa também foi sentido em países do Leste Europeu membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Neste mês, a Polônia registrou a invasão de 19 drones russos em seu espaço aéreo. Logo depois, a Romênia relatou ocorrências similares. A Estônia, por sua vez, denunciou incursões de aviões de guerra russos em seu território.