Rejeitar eleições e prender Moraes: PF diz que mensagens em celulares de bolsonaristas evidenciam plano golpista

Atualizado em 16 de maio de 2023 às 11:59
Tenente-coronel Mauro Cid, coronel Élcio Franco e major reformado Ailton Barros – Foto: Alan Santos/PR/Pablo Jacob e Fabiano Rocha/Agência O Globo

A Polícia Federal (PF) identificou áudios e mensagens de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que evidenciam uma articulação de um plano de golpe de Estado. A informação é do jornal O Globo.

Investigadores afirmaram que a trama consistia em incitar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), hostilizar as urnas eletrônicas, convencer a cúpula do Exército a rejeitar o resultado das eleições em 2022 e prender o ministro Alexandre de Moraes.

A PF também apontou que a investida foi discutida pelo major reformado do Exército Ailton Gonçalves Barros, pelo coronel Elcio Franco e por um militar ainda não identificado.

De acordo com os investigadores, os diálogo “deixam evidente a articulação conduzida por Ailton Barros e outros militares, para materializar o plano de tentativa de golpe de Estado no Brasil, em decorrência da não aceitação do resultado da eleição presidencial ocorrida em 2022, visando manter no Poder o ex-Presidente da República Jair Bolsonaro e restringir o exercício do Poder Judiciário brasileiro, por meio da prisão do Ministro Alexandre de Moraes, do STF”.

Vale destacar que a PF chegou a esta conclusão após analisar áudios e prints encontrados nos arquivos de um celular de Barros durante uma investigação envolvendo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo.

Dois prints de uma conversa entre Barros e um contato denominado “PR 01”, “possivelmente relacionado ao ex-presidente Jair Bolsonaro”, chamam a atenção da PF. As imagens foram deletadas e, em seguida, enviadas a Mauro Cid.

Documento descreve como Ailton Gonçalves se dispôs a incitar manifestantes a aderirem a pautas golpistas — Foto: Reprodução

Para a corporação, há fortes indícios de que Barros, além da proximidade com Cid, mantinha contato direto com Bolsonaro e se “dispôs a incitar grupos de manifestantes para aderirem a pautas antidemocráticas do interesse do ex-presidente da República”.

Documento descreve como Ailton Gonçalves se dispôs a incitar manifestantes a aderirem a pautas golpistas — Foto: Reprodução

A PF também destacou dois áudios encontrados no celular de Barros, ambos registrados em 15 de dezembro de 2022. Em um deles, os investigadores apontaram que “o interlocutor está alertando que o prazo para implementação do Golpe de Estado e decretação do ato de ‘Garantia da Lei e da Ordem’ estava se esvaindo”.

“Combatente, nós estamos no limite longo da ZL (zona limite). Daqui a pouco não tem mais como lançar. Vamos dar passagem perdida, e aí é perdida para sempre. Você entende que eu tô falando (…) Tão há 40 e poucos dias, entendeu, até o Braga Neto veio aqui conversar com eles, que nem eu falei, tirou foto”, diz o interlocutor na gravação.

“Então, esse próximo áudio, também, além do ZERO UNO, aí tem que ser passado pa todo aquele pessoal que você passa sempre, entendeu? Então agora, negão, é…assim…a…Já estamos em guerra, né? Só que agora é a…assim…Temos que executar essas ações. Vou dar o conceito da operação”, afirma em outro áudio o interlocutor não identificado.

Para a PF, “[o arquivo] deixa claro que a ‘operação especial que teria que ser executada’, na verdade, foi um codinome para a execução de um golpe de Estado, que culminaria na tomada de poder pelas Forças Armadas brasileiras, lideradas pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro”.

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