Relação da Lava Jato com Antagonista já não é apenas cumplicidade da grande mídia, é ação direta. Por Fernando Brito

Atualizado em 20 de janeiro de 2020 às 16:58
Carlos Fernando Santos Lima, Deltan Dallagnol e Januário Paludo, da Lava Jato. Foto: Arquivo

Publicado originalmente no Tijolaço:

POR FERNANDO BRITO

A reportagem de Rafael Moro MartinsRafael NevesJoão Felipe LinharesGlenn Greenwald, do The InterceptBrasil, sobre as relações de Deltan Dallagnol e dos procuradores da Força Tarefa da Lava Jato e aquele site de extrema direita que aqui só se nomina como O Bolsonarista são, mesmo com tudo o que se sabe de ambos, de embrulhar o estômago de quem ainda leva a sério o jornalismo.

Numa palavra, o que se descreve – e que se comprova com os diálogos vazados de aplicativos de mensagens – é a mais completa promiscuidade entre o que deveriam ser funcionários públicos zelosos da impessoalidade de suas ações e profissionais de imprensa que jamais se poderiam prestar a emissários e lobistas de interesses pessoais e políticos.

Não deixe, mesmo que com asco, de ler o texto detalhado e documentado, descrevendo como o grupo de espertalhões emigrados da Veja para os negociantes de mercado financeiro dirigia investigações, recebia documentos ilegalmente repassados e articulava ações políticas com os procuradores de Curitiba.

Embora os métodos de Dallagnol & Cia sejam conhecidos – não é possível que o Ministério Público continue fazendo “cara de paisagem” diante disso.

Já não é apenas a cumplicidade da grande mídia, é a ação direta, via sites inomináveis, para transformar o MP em gazua de negócios e politicagens, apoiando ou demolindo pessoas.

Ou será que investigar se tornou uma atividade mais porca do que as que são investigadas?