Relator da lei dos apps propõe inclusão de todas as plataformas, “menos o OnlyFans”

Atualizado em 20 de outubro de 2025 às 23:20
deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE) falando em microfone e gesticulando sem olhar para a câmera
O deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE) – Reprodução

O relator do projeto que regulamenta os aplicativos de transporte e entrega, deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE), quer ampliar o alcance da proposta para incluir todas as plataformas de intermediação de serviços, como Rappi, 99 e Mercado Livre.

A ideia é criar um marco comum de proteção social para trabalhadores autônomos que atuam de forma contínua por meio desses aplicativos. “Vamos incluir todas as plataformas de intermediação. Só o OnlyFans não dá para a gente entrar nesse mérito”, afirmou Coutinho, em tom bem-humorado.

Segundo o parlamentar, o texto será elaborado em capítulos e dividido por setores, começando por áreas mais organizadas, como transporte e entrega, e, posteriormente, alcançando outros modelos de negócio. “Vai depender se esses aplicativos têm alguma interferência na definição do serviço, se é eventual ou continuado. Há plataformas que apenas disponibilizam valores, e outras que têm controle da atividade. Vamos focar nessas últimas, onde há trabalho diário, ainda que autônomo”, explicou.

O deputado defende que o projeto sirva como referência para as relações entre plataformas e trabalhadores, estabelecendo garantias mínimas sem descaracterizar a autonomia dos prestadores de serviço. Um dos critérios para enquadramento será o grau de interferência das empresas na rotina dos profissionais e na precificação dos serviços oferecidos.

Entre os pontos discutidos pelo grupo técnico estão a criação de um seguro-acidente financiado pelas plataformas e a implementação de uma modalidade de previdência opcional. A proposta tem como base sugestões da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar).

“Queremos algo que esteja dentro da conta da Previdência, mas que não pese para o trabalhador. Pode ser opcional, estamos estudando as alternativas”, afirmou Coutinho.

O relator pretende apresentar e votar o texto final até o fim de novembro, com apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que o tema chegue ao plenário ainda neste ano. “Quero disponibilizar o texto em novembro e votar na comissão em novembro para ir ao plenário no máximo em dezembro”, declarou.

Coutinho também avalia aproveitar partes do projeto enviado pelo governo em 2024, que, segundo ele, “foi contaminado pelo ambiente eleitoral”. O deputado reconheceu que a proposta do Executivo continha pontos positivos, mas destacou que ainda há divergências em torno da cobrança de taxas e percentuais.

“O projeto do governo tinha muitas coisas boas. O meio-termo que precisamos encontrar é sobre a cobrança. Há uma proposta de percentual de 30%, mas ainda estamos discutindo”, completou.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.