
As mensagens apreendidas pela Polícia Federal confirmam que Eduardo Bolsonaro articulou contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, junto a integrantes da administração Trump. O filho “zero três” do ex-presidente buscava desgastar a imagem do aliado político no exterior. Com informações de Malu Gaspar, de O Globo.
Segundo a investigação, que tramita no STF sob relatoria de Alexandre de Moraes, Eduardo admitiu ao pai ter atuado nos Estados Unidos para enfraquecer a ideia de que Tarcísio seria seu sucessor na disputa presidencial de 2026.
Jair Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do TSE, que o condenou por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação em um evento com embaixadores marcado por ataques às urnas eletrônicas.
Em mensagens de julho, Eduardo disse ao pai que precisou combater a narrativa de que “Tarcísio = Bolsonaro”, destacando que apenas ele e Paulo Figueiredo teriam acesso à Casa Branca. Também acusou o governador de “posar de salvador da pátria” e de nunca ter ajudado Bolsonaro em processos no STF.
As trocas de mensagens foram motivadas por reportagem da CNN Brasil, que revelou reunião de Tarcísio com o encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar, em que pediu a revisão do tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras.

Para a PF, as conversas mostram uma estratégia deliberada de Eduardo para manter Bolsonaro como “candidato viável e único aliado dos EUA” em 2026, inviabilizando adversários da direita junto a interlocutores estrangeiros.
Tarcísio já identificava essa movimentação e monitora a ofensiva em Washington. Em contrapartida, conta com apoios como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o enviado especial dos EUA, Mauricio Claver-Carone, que tentam preservar sua imagem junto ao governo Trump.
De acordo com aliados, o governador tem buscado contextualizar sua atuação no exterior, reforçando que sua defesa de setores impactados pelas tarifas não significa conspiração contra Bolsonaro, de quem foi ministro antes de assumir o governo paulista.