
O relatório apresentado pela Me Too Brasil sobre as denúncias contra Silvio Almeida não contém datas nem detalhes sobre os relatos. Segundo documentos enviados à Polícia Federal, de acordo com o UOL, a ONG não especificou quando as supostas vítimas procuraram a organização ou quais foram os canais utilizados para as denúncias. A ausência dessas informações levanta questionamentos sobre a condução do caso e a base das acusações contra o ex-ministro dos Direitos Humanos.
As denúncias de assédio sexual contra Silvio Almeida vieram a público em 5 de setembro de 2024, quando a Me Too Brasil confirmou ter recebido relatos, incluindo de Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial. No entanto, registros prévios a essa data não foram apresentados à PF.

Após a repercussão do caso, Almeida foi demitido do governo. Desde então, ele nega as acusações e afirma que sua saída foi resultado de uma articulação política.
A PF solicitou à ONG, em setembro de 2024, que encaminhasse todo o material disponível sobre as denúncias. No primeiro retorno, a Me Too informou ter contatado as vítimas e confirmou apenas duas respostas.
Uma delas foi da professora Isabel Rodrigues, que prestou depoimento e acusou o ex-ministro de assédio durante um almoço em São Paulo. Já a outra vítima teria se recusado a compartilhar informações. Em fevereiro de 2025, a PF reforçou o pedido de mais dados, mas recebeu apenas um relatório de duas páginas sem a logomarca da ONG.
O documento entregue à polícia descreve cinco supostas vítimas, mas não detalha as datas das denúncias nem a natureza dos relatos. As informações registradas no relatório referem-se apenas a contatos feitos após a demissão de Silvio Almeida. O documento menciona que uma das vítimas prestou depoimento em novembro de 2024, enquanto outras duas pararam de responder ao Me Too Brasil depois de um primeiro contato.
A legitimidade do movimento também foi colocada em questão. Conselheiras da ONG afirmaram que não participaram da decisão de confirmar publicamente as denúncias contra Almeida. Algumas delas alegaram que só descobriram a situação pela imprensa. Além disso, fontes ligadas à organização disseram que inicialmente não sabiam que a Me Too Brasil não tinha relação oficial com o movimento homônimo dos Estados Unidos.
Diante da repercussão, Silvio Almeida quebrou o silêncio e voltou a rebater as acusações. Ele afirmou que setores do movimento negro, ONGs e adversários políticos usaram as denúncias para minar sua credibilidade. “O objetivo talvez fosse me tirar de certos círculos da elite carioca, da academia, do sistema de justiça. Me queimar”, declarou. O ex-ministro segue negando todas as acusações e diz confiar que a investigação esclarecerá os fatos.
A ONG alega que o ex-ministro usou sua posição no governo para atacar a entidade e sua diretora-presidente, Marina Ganzarolli, após as denúncias de assédio sexual virem à tona.
A jornalista Adriana Negreiros, do UOL, afirma que existe uma desconfiança de que as denúncias não existiam e foram procuradas após as acusações contra Almeida. Algumas supostas vítimas foram procuradas pela ONG após o caso repercutir na imprensa, segundo ela. Veja:
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