Relatório vai testar as reações dos tios do zap. Por Moisés Mendes

Atualizado em 9 de novembro de 2022 às 6:33
Fiscalização das urnas pelas Forças Armadas
Foto: Divulgação

Por Moisés Mendes

Os militares não tiveram pressa na apresentação do relatório sobre as urnas e a apuração, que somente será entregue nesta quarta-feira ao TSE.

A capacidade de mobilização dos arruaceiros das estradas e dos tios do zap acampados diante dos quartéis pode ter calibrado o tempo para divulgação do documento.

Se as ações golpistas tivessem se disseminado, certamente o relatório viria com toda força. Como o movimento se esvai e vira apenas memes, os militares terão de cumprir carnê.

Vem aí um relatório de acordo com o clima, mas não com as melhores expectativas golpistas. O Exército não pode dizer que não viu nada de defeito na eleição, depois de levantar sérias dúvidas sobre o sistema.

Mas também não pode chutar a barraca, porque não está com essa bola toda. O que se anuncia é que as Forças Armadas largarão a bomba no colo do Ministério Público, para que investigue os defeitos encontrados. Hoje saberemos quais são esses defeitos.

Bolsonaro só fica observando. O relatório pode ser a segunda etapa da tentativa de golpe depois da eleição, após as ações nas estradas e na frente dos quartéis.

Os tios e tias do zap, os caminhoneiros e os financiadores das turbas lerão o relatório como bem entenderem. Imaginem a situação que pode se criar com a leitura coletiva da interpretação do documento.

Teremos reações diversas, como as provocadas pelas duas falas frouxas de Bolsonaro depois da eleição, com a recomendação para que os caminhões saíssem das estradas, mas meio que autorizando os atos dos tios e das tias no entorno dos quartéis.

O ruim para a imagem do Exército é que o relatório será entregue 10 dias depois da eleição.

O TSE faz a apuração de uma eleição nacional em poucas horas e anuncia o resultado no mesmo dia. Sempre foi assim.

Mas o Exército, que pretende interferir no sistema eleitoral mais ágil e seguro do mundo, leva 10 dias para dizer se está tudo bem.

Dez dias para escrever um relatório. Se fosse a resposta dos militares numa situação de guerra, diante de uma ameaça real, a guerra já teria sido perdida.

Se a eleição fosse, como dizem nos acampamentos diante dos quartéis, um plano para a invasão comunista, o Brasil já teria sido ocupado enquanto eles fazem o relatório.

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Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/