
Desde que assumiu a presidência em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve a oportunidade de discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas em oito ocasiões. Lula se tornou o quinto presidente brasileiro a participar de tal evento, seguindo os passos de João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.
Em seu primeiro ano de mandato, Lula fez sua estreia na ONU e defendeu a criação de um comitê global contra a fome. Ele também ressaltou que o Brasil, como economia em desenvolvimento, estava preparado para assumir um posto permanente no Conselho de Segurança. Além disso, manifestou o otimismo do governo brasileiro em relação à transferência da soberania do Iraque para o seu povo.
Confira os detalhes de alguns dos discursos de Lula na ONU:
No seu primeiro discurso, ele enfatizou que ‘erradicar a fome é um imperativo moral e político.’
“A fome é o aspecto mais dramático e urgente de uma situação de desequilíbrio estrutural, cuja correção requer políticas integradas para a promoção da cidadania plena. Por isso, lancei no Brasil o projeto ‘Fome Zero’, que visa por meio de um grande movimento de solidariedade e de um programa abrangente envolvendo o governo, a sociedade civil e o setor privado eliminar a fome e suas causas”, disse.
No segundo discurso, destacou que ‘só os valores do Humanismo podem deter a barbárie.’
O petista também citou o filósofo marxista Frantz Fanon, da Martinica: “Se queres, aí a tens: a liberdade para morrer de fome”. Lula seguiria seu discurso com a exposição da miséria nos países perpassados pelo colonialismo e as tragédias no Oriente Médio.
“Da crueldade não nasce o amor. Da fome e da pobreza jamais nascerá a paz. O ódio e a insensatez que se alastram pelo mundo nutrem-se dessa desesperança, da absoluta falta de horizontes para grande parte dos povos.”
No terceiro discurso, abordou a importância de ‘globalizar a justiça’ para evitar a globalização da guerra.
Em sua quinta abertura, na 62ª Assembleia Geral da ONU, Lula responsabilizou o modelo capitalista de desenvolvimento pelas mudanças climáticas: “É preciso reverter essa lógica aparentemente realista e sofisticada, mas na verdade anacrônica, predatória e insensata, da multiplicação do lucro e da riqueza a qualquer preço. […] A perenidade da vida não pode estar à mercê da cobiça irrefletida”, argumentou.
“Saúdo sua decisão de promover debates de alto nível sobre o gravíssimo problema das mudanças climáticas. É salutar que essa reflexão ocorra no âmbito das Nações Unidas. Não nos iludamos: se o modelo de desenvolvimento global não for repensado, crescem os riscos de uma catástrofe ambiental e humana sem precedentes.”
Em sua última participação na ONU em 2009, no pós-crise financeira de 2008, o modelo econômico neoliberal entrou em crise, segundo Lula: “O que caiu por terra foi toda uma concepção econômica, política e social tida como inquestionável”.
“O que faliu foi um insensato modelo de pensamento e de ação que subjugou o mundo nas últimas décadas. Foi a doutrina absurda de que os mercados podiam autoregular-se, dispensando qualquer intervenção do Estado, considerado por muitos um mero estorvo. Foi a tese da liberdade absoluta para o capital financeiro, sem regras nem transparência, acima dos povos e das instituições”.

O petista também informou que o Brasil saiu de uma breve recessão por meio da redução da vulnerabilidade externa – passando da condição de devedores à de credores internacionais – e ao aprofundar os programas sociais, sobretudo os de transferência de renda, como o Bolsa Família.
“Os países pobres e em desenvolvimento têm de aumentar sua participação na direção do FMI e do Banco Mundial. Sem isso não haverá efetiva mudança e os riscos de novas e maiores crises serão inevitáveis. Somente organismos mais representativos e democráticos terão condições de enfrentar complexos problemas como os do reordenamento do sistema monetário internacional”, afirmou.
Em sua última frase, Lula retomou a existência de uma nova ordem internacional: “Não basta remover os escombros do modelo que fracassou, é preciso completar o parto do futuro. É a única forma de reparar tantas injustiças e de prevenir novas tragédias coletivas”.
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