
O fechamento da TV Excelsior, no dia 30 de setembro de 1970, representa um marco doloroso na história da imprensa brasileira. Adversária ferrenha da censura imposta pelo regime militar, a emissora interrompeu sua programação de forma abrupta: durante o humorístico Adélia e suas Trapalhadas, o jornalista Ferreira Netto apareceu no estúdio para anunciar que o Canal 9 sairia do ar por determinação do governo.
A TV Tupi, pioneira na televisão brasileira, encerrou suas atividades em 18 de julho de 1980, após uma greve de funcionários e sucessivas falências. Em seus momentos finais, transmissores foram lacrados e no Rio de Janeiro, o canal exibiu um registro de despedida com uma mensagem emotiva: “Até breve, telespectadores amigos”.
A MTV Brasil, ícone da cultura jovem por duas décadas, teve sua última transmissão em 30 de setembro de 2013, quando ex-VJ Astrid Fontenelle assumiu o encerramento: “Eu fui a primeira a acender a luz… e quero ser a última a apagar”, disse ela. O discurso emocionado foi seguido por reprises nostálgicas e, por fim, o clássico “Maracatu Atômico”, simbolizando o encerramento da era.
Além dessas, vale mencionar a Rede Manchete, surgida com a falência da Excelsior, e a TV Brasil (originalmente TVE), herdando nações consolidadas que foram pioneiras em programação educativa e cultural após o fechamento das emissoras anteriores. Ambas mantiveram vivo o legado de inovação e resistência à intervenção estatal.
Essas despedidas não foram apenas lacres históricos: simbolizaram transições intensas na relação entre Estado, mídia e sociedade. A Excelsior e a Tupi foram exemplos de forte pressão política e financeira; a MTV, do impacto das novas mídias digitais. Cada encerramento, em sua época, provocou comoção pública, comentários ácidos na imprensa e tensão política latente — presságios do que estaria por vir.
Até hoje, os vídeos de despedida dessas emissoras circulam no YouTube, servindo tanto como legado audiovisual quanto como alerta sobre a fragilidade da comunicação livre e plural em contextos de crise. São recordações que atravessam gerações, evocando nostalgia e reflexão sobre os tempos em que as ondas de rádio e TV ainda ditavam o ritmo cultural do país.