Renato Janine: “Se você quer ser policial da psique alheia, não precisa se fantasiar”

Atualizado em 17 de fevereiro de 2020 às 23:22
Alessandra Negrini chega a bloco Acadêmicos do Baixo Augusta com a ativista Sonia Guajajara — Foto: Luisa Vaz/Divulgação

Publicado originalmente no Facebook do autor:

Por Renato Janine Ribeiro

Vamos ser muito claros? A esquerda deve muito ao iluminismo, à convicção de que o conhecimento liberta e, em suma, a uma ideia expandida de liberdade.

Quando se confunde esquerda ou progressismo com repressão, morreu.

E agora, quando chega o carnaval, tenho ouvido dizer que um patrulhamento intenso está rolando quanto a fantasias.

Vocês sabem o que é fantasia? Não é realidade.

O que Freud e muitos revelaram foi o poder do mundo dos sonhos, dos devaneios, das fantasias.

O que alguns deles enfatizaram foi o poder libertador de entrar em contato com estes mundos.

Então, quer se fantasiar de índio? Para mim, é homenagem.

Quer usar turbante? Não precisa ser persa ou turco para tanto (não sei por quê, aqui no Brasil parece que muita gente ignora de onde veio o turbante).

Quer trocar de gênero, farrear? Se não fizer mal a ninguém, que bom.

Agora, se você quer ser policial da psique alheia, não precisa se fantasiar. Porque não é fantasia. É uma identidade que você assume. E ninguém lhe deu direito de policiar o prazer alheio, desde que não faça mal a ninguém.