Renzo Gracie é um fanfarrão

Atualizado em 10 de setembro de 2012 às 7:50

Com um largo sorriso, o lutador espancou dois “ladrões” que nunca chegaram a tentar assaltá-lo

Ele deu um golpe na imagem do MMA

Só parei para ler a notícia de que Renzo Gracie espancou dois homens que o perseguiam depois da quinta vez que vi a manchete. Não gosto de agressões. Sou adepto da filosofia da não-violência de Gandhi, seja ela num contexto político ou não. Outro dia, conversando com os hombres da redação, pensei sobre o assunto. A conclusão da conversa, para mim, foi: a violência é válida para se defender – e somente se for necessária.

Se for necessária.

Na primeira vez que vi a chamada da reportagem, uma cena se passou rapidamente na minha cabeça: dois caras armados correndo atrás do lutador e ele aplicando golpes para evitar as investidas dos supostos ladrões. Até pensei, “bom para ele saber se defender”. Mas foi somente quando li a matéria que percebi que minha imaginação em nada coincidia com a realidade.

A primeira frase que Renzo colocou no Twitter (onde contou a história com detalhes) já denunciava o meu ingênuo equívoco: “Dois caras me seguindo. Não consigo evitar, estou com um sorriso grande no meu rosto. E estou falando de um sorriso realmente feliz.”

A saga do lutador, narrada pelo próprio no Twitter

Segundo a narração, os “bandidos” o perseguiram e pediram um cigarro. Isso pode ser uma abordagem para um assalto ou, apenas, um moço tentando atender o chamado do seu vício impulsivo. Renzo não deixa claro o que o levou a pensar que os caras estavam querendo roubá-lo. Mas a narrativa me sugere que foi o prazer de sentir o seu “sangue correr numa velocidade diferente”. Se as manchetes nos fazem achar que a pancadaria foi um ato de defesa, as matérias nos levam a outro tipo de idéia.

De acordo com o site do Sportv, Renzo fingiu estar bêbado para atrair os homens e castigá-los por suas supostas intenções maldosas, que sabe-se lá se existiam. Isso não me soa como um ato defensivo e muito menos necessário para conservar a sua integridade física. Ele poderia ter entrado num bar, ou pego um táxi, ou ligado para a polícia se só estivesse preocupado em se defender.

Parece que Freud estava certo quando falava de pulsão de morte.

O que mais me angustia nessa história não é o fato de uma pessoa sentir prazer em esfolar outra com as mãos. É imaginar que há aqueles que concordarão, e até vibrarão, com a atitude de Renzo Gracie.