Repórter da Globo fala sobre assédio durante cobertura da Copa do Mundo

Atualizado em 30 de junho de 2018 às 13:04

Da Veja:

Julia Guimarães se preparava para um link ao vivo do estádio de Ecaterimburgo, na Rússia, antes do jogo entre Japão e Senegal pela Copa do Mundo, quando um homem tentou beijá-la, no último domingo. A resposta da repórter da TV Globo ao assédio foi rápida: Julia repreendeu, em inglês, o rapaz, afirmando que ele deveria respeitar as mulheres. “Nunca mais faça isso, ok?”, disse, enquanto o homem pedia desculpas. Nas redes sociais, Julia tem recebido elogios pela atitude, mas ela diz que parou de acompanhar a repercussão porque também há — acredite se quiser — comentários negativos de pessoas que dizem que tudo não passa de “mimimi”.

Sua reação ao ser assediada no último domingo foi muito rápida. O que pensou naquele momento? Sempre imaginava como iria reagir se acontecesse isso comigo. Jamais pensei que faria isso. Até me surpreendi positivamente pelo que falei e da forma como falei. Foi realmente muito rápido, mas pensei que era a hora da pessoa entender que aquilo não é engraçado, não é certo.

Teve medo de o assediador ter uma reação mais violenta? Em nenhum momento tive medo, até porque eu estava em um local público, onde havia muitas pessoas, inclusive policiais. Na hora em que reagi, o rapaz começou a sair de perto de mim e eu percebi que nada iria acontecer.

Uma situação como essa já havia acontecido com você? Essa foi a segunda vez durante a Copa aqui na Rússia. Mas nunca havia acontecido comigo antes, e tenho que falar que foi por sorte. Nós já vimos quantas pessoas já sofreram com esse tipo de situação.

Repórteres de outros países também foram assediadas enquanto cobriam a Copa da Rússia. Por que isso tem sido tão recorrente? Acredito que seja por causa do clima que ronda um evento como esse. Muitas pessoas passam dos limites e acham que nesse tipo de festa está tudo liberado, que podem fazer o que quiserem. E, nesse caso, eu não incluo somente o assédio, mas também o racismo e a homofobia.

Você se considera feminista? O feminismo se faz necessário? Eu não me considero feminista. Acredito que o feminismo seja importante, necessário, mas a minha opinião é que a principal bandeira que temos que levantar com ímpeto é a do respeito.