“Retaliação política”: EUA cancelam visto de presidente do PSOL

Atualizado em 26 de setembro de 2025 às 20:45
A presidente do PSOL, Paula Coradi – Divulgação

A presidente nacional do PSOL, Paula Coradi, teve o visto americano cancelado pelo governo de Donald Trump. A decisão foi comunicada nesta semana por meio de e-mails enviados pelo consulado dos Estados Unidos em São Paulo. O órgão alegou ter recebido informações que a tornariam inelegível para entrar no país, mas não detalhou os motivos.

Segundo a notificação, o cancelamento foi fundamentado na seção 221(i) da Lei de Imigração e Nacionalidade, que autoriza a revogação mesmo após a emissão. O consulado concedeu três dias úteis para que Coradi apresentasse explicações, mas após sua resposta confirmou a decisão, afirmando que não foram fornecidos elementos suficientes para comprovar a elegibilidade.

Coradi declarou ter recebido a notícia com surpresa, ressaltou que não possui antecedentes criminais ou envolvimento em atividades ilícitas e disse sempre ter fornecido informações verídicas em seus pedidos de visto. Em entrevista, afirmou considerar a decisão de caráter político, relacionando-a ao posicionamento do PSOL em defesa da soberania nacional.

A dirigente havia obtido visto em 2018 e novamente em 2025, após extravio do passaporte, e viajou neste ano a Chicago para compromissos políticos. Ela teme que o cancelamento atrapalhe futuras agendas de articulação nos Estados Unidos, mas afirmou não ter interesse em utilizar o visto para turismo.

O cancelamento atinge Paula Coradi em meio a uma série de medidas semelhantes adotadas pelo governo Trump desde 2023. Já foram suspensos vistos de sete ministros do Supremo Tribunal Federal, do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e de familiares do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, incluindo a filha de 10 anos.

Para conseguir um novo visto, a presidente do PSOL terá que iniciar outro processo regular. O consulado informou que não aceitará novos pedidos de revisão da decisão tomada contra a dirigente.