
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (PSOL), avalia deixar o governo Lula ainda neste ano e reassumir o mandato de deputada federal após o encerramento da COP 30, marcada para o fim de novembro em Belém (PA).
Segundo apuração do ‘Metrópoles’, Guajajara pretende antecipar sua saída para se preparar politicamente para as eleições de 2026, retomando a cadeira hoje ocupada por Guilherme Boulos (PSOL), recém-nomeado para a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Inicialmente, o plano do partido previa que a vaga de Boulos fosse ocupada temporariamente pelo cientista Ricardo Galvão (Rede), presidente do CNPq, até abril de 2026, quando outros ministros do governo voltariam ao Congresso. Com a possível antecipação dela, Galvão permaneceria à frente do Conselho, sem precisar assumir mandato parlamentar.
Fontes ligadas ao PSOL afirmam que a ministra vê na COP 30 uma oportunidade de encerrar seu ciclo no governo com visibilidade internacional. A avaliação é que sua presença no evento fortaleceria seu nome entre o eleitorado progressista e ambientalista antes do início das articulações eleitorais.
Aliados próximos afirmam que ela pretende disputar novamente uma vaga na Câmara em 2026, considerando o retorno antecipado como um movimento estratégico. A assessoria da ministra, contudo, negou a informação de que ela deixará o cargo após a conferência.

Em nota, afirmou que “a informação não procede” e que Sonia Guajajara deixará o ministério apenas no prazo exigido pela legislação eleitoral para concorrer à reeleição. A negativa, porém, não arrefeceu rumores dentro da base governista sobre sua possível saída ainda neste ano.
Primeira mulher indígena a comandar um ministério no Brasil, ela enfrenta desafios desde sua posse em janeiro de 2023. Com orçamento reduzido, a pasta perdeu logo nos primeiros meses o poder de decisão sobre demarcações de terras, atribuição que voltou à Casa Civil.
Além disso, teve de lidar com a grave crise humanitária que atingiu os povos Yanomami no início do governo. Nos bastidores, aliados relatam frustração com a limitação orçamentária e com o esvaziamento político da pasta, que teria perdido protagonismo dentro da Esplanada.
A situação teria se agravado com a criação de um grupo de trabalho no Senado que discute a regulamentação da exploração mineral em terras indígenas, proposta que contraria as posições históricas de Guajajara e foi apoiada por ministros do Supremo, como Gilmar Mendes.
Mesmo com as dificuldades, a ministra continua sendo uma das figuras mais simbólicas do governo Lula no campo ambiental e dos direitos indígenas. Ela tem atuado em articulações internacionais e ampliado o diálogo com líderes tradicionais e organizações da sociedade civil, especialmente na preparação para a COP 30.