Réu no STF, Eduardo Bolsonaro viaja ao Bahrein para reunião com família real

Atualizado em 17 de novembro de 2025 às 7:35
Eduardo Bolsonaro com o sheikh Khaled bin Hamad Al-Khalifa, da família real do Bahrein. Foto: reprodução

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou, no último domingo (16), imagens de uma viagem ao Bahrein, no Oriente Médio, onde se reuniu com o sheikh Khaled bin Hamad Al-Khalifa, integrante da família real do país.

A visita ocorreu apenas um dia depois de a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, por unanimidade, transformá-lo em réu pela articulação realizada nos Estados Unidos para tentar interferir no julgamento do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado por tentativa de golpe de Estado.

Nas redes sociais, Eduardo classificou o encontro no Bahrein como uma “satisfação imensa” e afirmou ter feito novas amizades durante a passagem pelo país.

Segundo ele, Khaled Al-Khalifa “carrega uma energia diferente, humildade verdadeira, visão positiva e a capacidade de inspirar todos ao redor”.

O deputado divulgou diversas fotos, incluindo registros em que aparece portando armas, e afirmou que reencontrar o sheikh “renova a alma”, além de destacar a importância de “boas alianças e boas companhias”. Ele encerrou o texto com um agradecimento em árabe: “Shukran djazeera, sadiki”.

Eduardo agora é réu

Com o voto da ministra Cármen Lúcia, proferido no sábado, a Primeira Turma consolidou unanimidade para aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Alexandre de Moraes, relator do caso, abriu o julgamento em plenário virtual votando pelo recebimento da acusação, seguido por Flávio Dino. O ministro Cristiano Zanin votou na sequência, garantindo maioria para que Eduardo responda criminalmente por coação no curso do processo. O julgamento segue aberto até 25 de novembro.

No voto que abriu a análise, Moraes afirmou que “há prova da materialidade e indícios razoáveis e suficientes de autoria nas condutas de Eduardo Nantes Bolsonaro”.

Segundo ele, o deputado articulou ações contra o Brasil em território estadunidense, incluindo a tentativa de pressionar autoridades com medidas como tarifas comerciais sobre produtos nacionais, suspensão de vistos e aplicação da Lei Magnitsky, sanção que o próprio ministro sofreu. Para Moraes, essas investidas configurariam “grave ameaça” às instituições e tinham como objetivo interferir diretamente no andamento da ação penal de Bolsonaro.

A denúncia se baseia no artigo 344 do Código Penal, que trata do crime de coação no curso do processo. A pena varia de um a quatro anos de reclusão, além de multa, podendo ser ampliada por condutas reiteradas.

O inquérito que envolve Eduardo também inclui o ex-presidente, que teve a prisão decretada por descumprir medidas cautelares e atualmente cumpre regime domiciliar enquanto aguarda o início da pena de 27 anos e três meses imposta pelo STF.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.