Reunião entre Lula e Trump deve acontecer em “campo neutro”, dizem aliados

Atualizado em 26 de setembro de 2025 às 17:01
Lula e Donald Trump durante discurso na ONU. Foto: reprodução

Integrantes do governo Lula (PT) avaliam que um eventual encontro presencial entre o presidente brasileiro e o líder estadunidense Donald Trump deve acontecer em um país neutro, evitando que um dos chefes de Estado tenha que se deslocar até o território do outro. Antes de um encontro físico, são esperados contatos telefônicos entre os dois.

Segundo a Folha de S.Paulo, auxiliares de Lula indicam que os acertos para a conversa ainda estão em estágio muito inicial, mas há uma percepção clara de que é improvável que o petista viaje aos Estados Unidos ou que Trump venha ao Brasil no curto prazo.

A possibilidade de um encontro em um terceiro país ganha força diante da agenda internacional de ambos. Lula deve realizar pelo menos duas viagens internacionais ainda este ano, incluindo uma para participar da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na Malásia, entre os dias 26 e 28 de outubro.

Trump também foi convidado para esse evento. Se a presença do líder estadunidense for confirmada, a expectativa é que o encontro bilateral possa ocorrer nessa ocasião. O republicano também confirmou presença na cúpula da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), na Coreia do Sul, outro evento para o qual Lula foi convidado e que representa uma oportunidade para o diálogo.

A preocupação central entre diplomatas e integrantes do Palácio do Planalto é não expor o presidente brasileiro desnecessariamente a situações de potencial constrangimento. Todos os cálculos logísticos levarão esse fator em consideração. No entanto, existe uma ala de conselheiros do petista que defende uma abordagem mais célere.

Lula discursando na ONU. Reprodução

Este grupo acredita que o país não pode deixar a disposição inicial de Trump “esfriar” e defende que a conversa ocorra o quanto antes, sendo uma das possibilidades uma reunião na residência do líder estadunidense em Mar-a-Lago, na Flórida.

Aliados de Lula interpretaram o gesto de abertura de Trump como uma vitória da diplomacia brasileira, mas nutrem o receio de que o republicano possa usar o diálogo como uma forma de pressionar ou mesmo humilhar o líder petista, uma estratégia que já teria sido empregada com outros líderes internacionais no passado.

O interesse em conversar surgiu após um breve encontro entre Lula e Trump na manhã desta terça-feira (23), pouco antes do discurso do republicano na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Na ocasião, Trump sugeriu um encontro mais prolongado para a próxima semana, proposta que foi aceita por Lula. Ao final de sua fala, Trump disse ter gostado do brasileiro e afirmou que houve uma “excelente química” entre ambos.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.