Revoltados com a morte de Dom e Bruno, indígenas denunciam Bolsonaro na ONU

Atualizado em 20 de junho de 2022 às 8:38
Indígenas guarani-kaiowá
Foto por: H.J.Grand

Nesta segunda-feira, numa declaração conjunta submetida à secretaria do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) destacaram a violência contra as terras indígenas.

Pela primeira vezm desde a confirmação dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, o governo brasileiro é alvo de uma denúncia na ONU citando o episódio no Vale do Javari (AM). A denúncia foi lida em um vídeo por Lunici de Almeida, do povo Guaraní-Kaiowá, ao relator da ONU para liberdade de associação, Clément Nyaletossi Voule. O ato faz parte de uma ofensiva de grupos indígenas, de defensores de direitos humanos e ambientalistas contra o governo de Bolsonaro.

As mortes de Dom e Bruno no Vale do Javari foram consideradas dentro do Itamaraty como uma “bomba” para a imagem internacional do país. Diplomatas chegaram a alertar que a nova crise praticamente “sepulta” qualquer esforço internacional do governo para ser aceito entre a ala democrática no mundo.

Se a iniciativa não acarreta numa ação imediata por parte da comunidade internacional ou por parte das entidades estrangeiras, a meta é de ampliar o constrangimento do governo Bolsonaro no exterior.

“Retomadas, uma forma de protesto indígena para ocupar nossos territórios tradicionais, demarcados ou não, são reprimidos com grave violência pela polícia”, disse a líder indígena, no material submetido ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

“Como mulher, minhas irmãs e eu lideramos a recuperação de nosso território tradicional”, contou. “O governo ruralista tentou libertar nossas terras para a exploração não indígena e fomos violentamente expulsos, em uma ação totalmente ilegal”, denunciou Lunici, num ato que também contou com o apoio do Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL).

A liderança apresentou o caso de mais um assassinato. “Neste momento um jovem de nossa aldeia, Alex Lopes, foi executado em uma fazenda que invade nosso território”, disse. “Indignada com a crueldade, a comunidade retomou o território e está em risco de ser despejada”, contou Lunici.

Citando os casos de Bruno e Dom, ela insistiu em rejeitar a violência. “Não às execuções, torturas e desaparecimentos. É nosso direito de recuperar nossas terras. Pertencemos à terra, e lutaremos por ela até o final”, declarou.

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