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Ricardo Cappelli diz ao DCM que Bolsonaro é “mentor intelectual” da chacina em Sinop

Secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappeli, e Leandro Fortes. Foto: Reprodução

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappeli, concedeu na manhã desta quinta-feira (23) uma entrevista ao jornalista Leandro Fortes no Café da Manhã do DCM TV. O ex-interventor da Segurança Pública no Distrito Federal falou sobre a chacina de Sinop, no Mato Grosso.

Chacina em bar de Sinop tem dois assassinos e um “mentor intelectual”

Os números falam por si. Nós tínhamos em 2018, 117 mil pessoas CACs, esse número pula para 813 mil pessoas em 2022. Nós tínhamos um pouco mais de um milhão de armas de uso particular no Brasil em 2018, esse número em 2022 pula para 3 milhões de armas de uso particular no Brasil e veja vocês, a maioria dessas armas, o maior percentual justamente está nas mãos dos CACs. Então, isso que estamos vendo no Brasil, a gente tem visto recorrentemente, não são acidentes.

Isso são efeitos colaterais de uma política que foi levada a cabo pelo governo anterior, que de forma irresponsável, adotou o “liberou geral”, armando a população brasileira como nunca antes em nossa história. E as consequências estão aí, tragédias, chacinas inaceitáveis, absurdos acontecendo em função dessa política armamentista irresponsável do governo anterior

Revogaço antiarmas do governo Lula

Houve um decreto do presidente Lula logo no dia 1º [de janeiro], revogou uma série de normas, suspendeu novos registros. Foi instaurado um grupo de trabalho que está preparando uma nova e ampla regulamentação para essa questão.

Não é razoável que pessoas sob o pretexto de estarem se deslocando para clubes de tiro, teoricamente funcionam 24 horas, as pessoas usem por exemplo, esse fato para andarem armadas nas ruas pelo Brasil. Como se estivessem naquelas 24 horas, a qualquer momento, se deslocando para um eventual clube de tiro. Isso aí foi usado para armar a população brasileira de forma irresponsável. Então o presidente Lula assinou o decreto revogando boa parte dessas normas, suspendendo novos registros e há um grupo de trabalho que em breve vai apresentar um novo marco legal para toda essa questão do Brasil.

“O Brasil não precisa de armas”

O Brasil precisa é de educação, de saúde. O Brasil não precisa de mais armas, a gente precisa valorizar a vida e a arma é antítese da valorização da vida. Não é isso que o Brasil precisa. O Brasil precisa de desenvolvimento, o Brasil precisa de casa, da “Minha Casa, Minha Vida” funcionando, de mais escolas, de mais educação, de valorização dos nossos professores, de valorização dos profissionais de saúde, de mais política de saúde, de ampliação da rede de saúde no Brasil, de mais política de assistência e de desenvolvimento.

O Brasil precisa de desenvolvimento, de gerar emprego, de gerar renda. O Brasil não precisa de armas, isso não é uma medida, isso não é um raciocínio civilizatório, arma significa tragédia, arma significa morte. O Brasil precisa de vida, de esperança. Estou muito confiante que esse grupo de trabalho, comandado pelo Ministério da Justiça, vai trazer um novo arcabouço legal, para que possa acabar com essa verdadeira farra armamentista no Brasil que foi levada a cabo pelo governo anterior.

Medida deve se estender nos próximos anos

Aí tem duas vertentes, uma é a questão legal. O decreto deu um prazo de 60 dias para que todas as armas, todos que possuem essas armas façam o recadastramento. Em paralelo a isso, nós faremos campanhas de conscientização, para que as pessoas voluntariamente possam entregar as suas armas. A arma não constrói nada. Os estudos mostram que quanto mais armas, mais violência, mais trágedia.

Prisão de militares e financiadores no 8 de janeiro

A missão que eu recebi do presidente Lula, que foi a intervenção federal aqui no Distrito Federal, foi cumprida. Há um policial militar preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, há seis inquéritos abertos na Corregedoria da Polícia Militar, já houve policiais militares com a prisão preventiva decretada, que está sendo cumprida. Houve outros militares com prisões temporárias que já foram cumpridas. Tem todo um processo legal nesses 6 PMs que estão em curso. Eu tenho plena confiança que a Corregedoria da Polícia Militar chagará ao final e entregará a sociedade um esclarecimento e punição exemplar daqueles que cometeram eventuais delitos.

Briga com general Gustavo Henrique Dutra de Menezes

Não houve, em momento algum, dedo na cara nem meu no general Dutra, nem do general Dutra em relação a mim. O que houve foi uma conversa dura, mais uma conversa respeitosa, educada ali no calor dos acontecimentos. O general Dutra naquele momento, ele que era então o comandante militar do Planalto, ponderou para que nós fizéssemos o desmonte do acampamento somente no dia seguinte. Ele temia que a tentativa de desmontar o acampamento naquela noite pudesse gerar conflitos, enfretamentos indesejáveis por todos. E assim foi feito.

Responsabilização de militares por acampamentos golpistas

A apuração da eventual conduta de militares fica a cargo do próprio Exército, sempre coordenado pelo Ministério da Defesa. Nós vivemos um momento muito grave no Brasil, um momento nunca antes presenciado, registrado na nossa história, mas eu acredito que o desfecho acabou sendo muito positivo, no sentindo que as instituições saíram ainda mais fortes […] O nosso desafio agora é estabilizar cada vez mais o Brasil para que a gente possa entregar, sobre a liderança do presidente Lula, a população aquilo que ela espera. É a prosperidade que consolida a democracia.

PF vai apurar assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gois

A Polícia Federal, em cooperação com o governo do Rio, e todos aqueles que queiram colaborar vai cada vez mais se somar, nesse esforço de elucidação desse crime inaceitável. O esclarecimento do assassinato de Marielle Franco é um clamor no Brasil, mas é também um clamor do mundo que espera que a gente esclareça os fatos. Esse é nosso objetivo central e por isso a mobilização da PF para se somar aos esforços que já vem sendo feitos.

Possível risco da entrada da PF no assassinato de Marielle Franco

Não acredito nesse conflito de competência, não acredito porque o governador do Rio, Cláudio Castro, tem dito e reiterado publicamente o seu interesse absoluto na elucidação desse crime. Então, o que a PF vai fazer é cooperar, se somar a um esforço que vem sendo conduzido pelo governo do Rio. Estamos todos unidos na busca de elucidar esse crime. Pelo contrário, eu tenho certeza que todos estão muito satisfeitos com esse apoio adicional que será dado pela PF.

Colaboração de Cláudio Castro

Eu preciso levar em consideração aquilo que é dito publicamente e reiteradamente. Por isso eu acredito que a Polícia Civil, a Polícia Federal, com o Ministério Público, com todos que estão somando esforços que a gente vai finalmente esclarecer que mandou matar Marielle Franco.

Confira a entrevista completa:

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Caroline Saiter

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